‘Praga laranja’: escultura que retrata Trump como ‘Deus da Injustiça’ vira protesto na COP30

A peça, criada pelo dinamarquês Jens Galschiøt, recebe o nome de “The Orange Plague”, A Praga Laranja, e mostra o ex-presidente norte-americano sentado sobre os ombros de um homem extremamente magro, prestes a desabar sob o peso.

Publicado em 20 de novembro de 2025 às 13:37

Uma escultura satírica de Donald Trump chamou atenção logo na entrada da zona azul da COP30, em Belém. A peça, criada pelo dinamarquês Jens Galschiøt, recebe o nome de “The Orange Plague”, A Praga Laranja, e mostra o ex-presidente norte-americano sentado sobre os ombros de um homem extremamente magro, prestes a desabar sob o peso. Na base, o artista gravou a frase “God of Injustice” (Deus da Injustiça).

Além da obra de 1,5 metro, Galschiøt está distribuindo gratuitamente 6 mil miniaturas impressas em 3D, que rapidamente viraram um dos itens mais procurados pelos participantes da conferência.

Ele descreve a escultura como um “grito satírico” sobre o que considera o impacto negativo de Trump na agenda ambiental global. A figura do ex-presidente aparece segurando uma balança, referência ao modo como ele se apresenta como autoridade moral, enquanto um taco de golfe toca o globo terrestre, símbolo de controle e descaso pelo futuro climático, segundo o autor.

Trump não está na Cúpula dos Líderes e tampouco enviou delegação presidencial à COP30. Durante seu governo, os EUA deixaram o Acordo de Paris e desmontaram regulações ambientais, medidas amplamente criticadas por organizações internacionais.

Inspiração no conto “As Roupas Novas do Imperador”

Galschiøt diz ter buscado inspiração no clássico de Hans Christian Andersen. “Vejo um paralelo direto entre o imperador da história e Trump”, afirmou. “É alguém que se apresenta como defensor da justiça enquanto se apoia nas pessoas mais afetadas por suas próprias políticas.”

As miniaturas distribuídas no evento foram produzidas em várias versões coloridas. Diversos participantes exibem os pequenos bonecos em mochilas, mesas de trabalho e estandes. O documento oficial do projeto descreve as peças como um “mascote provocativo” criado para circular entre delegações e estimular conversas sobre o papel dos Estados Unidos nas negociações climáticas.

Artista já tem histórico em Belém

Jens Galschiøt não é um nome desconhecido na cidade. Em 2000, ele instalou em Belém um dos seus “Pilares da Vergonha”, monumentos que lembram episódios de violações de direitos humanos. O da capital paraense homenageia os 19 trabalhadores rurais mortos na chacina de Eldorado dos Carajás, em 1996.