Publicado em 12 de novembro de 2025 às 17:58
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, destacou nesta quarta-feira (12) o marco histórico da maior participação indígena já registrada nas Conferências do Clima (COPs), durante a COP30, realizada em Belém. >
“Este é o maior número de indígenas da história das COPs, uma participação construída pelo Ministério dos Povos Indígenas e pelas organizações representativas. Temos pelo menos 400 indígenas credenciados na Zona Azul e 3 mil alojados na Aldeia COP, um espaço erguido coletivamente, com muitos parceiros, garantindo presença, acolhimento digno e participação efetiva”, afirmou Guajajara.>
A ministra liderou uma marcha de mulheres indígenas de várias nacionalidades, que saiu da Zona Verde em direção à Zona Azul, simbolizando a união dos povos originários nas pautas climáticas e de direitos territoriais.>
Guajajara ressaltou que indígenas estão participando diretamente das negociações, levando propostas construídas ao longo do ano em encontros com o movimento indígena. “Temos aqui nossos diplomatas indígenas dialogando com negociadores, apresentando as propostas formadas no processo Kuntari Katu – Líderes Indígenas na Política Global, que formou 32 representantes para atuar no debate internacional”, explicou.>
O programa “Kuntari Katu”, que em tradução livre significa aquele que fala bem, foi iniciado em abril e concluído em outubro, após uma série de formações e encontros regionais que discutiram tanto os temas prioritários da COP quanto os critérios de representação indígena credenciada.>
Entre as pautas centrais levadas à conferência, Guajajara destacou a demarcação e o reconhecimento dos territórios indígenas como política climática. Segundo ela, essa proposta já foi incorporada no discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a Cúpula dos Líderes.>
“Ficamos muito contentes quando o presidente Lula chamou todos os países a incluírem em suas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) a importância da proteção dos territórios indígenas”, pontuou.>
A ministra também celebrou o anúncio do Fundo Floresta Tropical para Sempre (TFFF), iniciativa brasileira construída em parceria entre o Ministério dos Povos Indígenas, o Ministério do Meio Ambiente, o Ministério da Fazenda e o Itamaraty. O fundo já conta com US$ 1,5 bilhão garantidos, e pelo menos 20% desses recursos serão repassados diretamente a povos e organizações indígenas.>
“Esse é um avanço fundamental para garantir que o legado da COP30 seja a proteção efetiva dos territórios, da floresta e da vida de nossos povos”, completou Guajajara.>
Na noite de terça-feira (11), a entrada principal da COP30, em Belém, foi palco de cenas de violência e confusão, durante uma manifestação que ultrapassou o previsto para um evento essencialmente diplomático.>
Segundo nota da ONU, os portões da conferência foram danificados e estão em reparo pela organização do evento, e já reabriram nesta quarta-feira (12).>
A ação envolveu indígenas do Baixo Tapajós e integrantes do Coletivo Juntos, que chegaram a ocupar parte da Blue Zone, área restrita a delegados e credenciados. O confronto resultou em pessoas feridas, incluindo manifestantes e seguranças.>
Apesar do episódio, o clima nesta quarta-feira foi de retomada das atividades diplomáticas e de fortalecimento da participação indígena nas discussões climáticas globais.>