Apostas online consumiram 21% do Bolsa Família em 2024, aponta Banco Central

Dinheiro destinado a necessidades básicas acabou indo para bets, impulsionado pela promessa de ganho rápido

Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 15:35

Dinheiro destinado a necessidades básicas acabou indo para bets, impulsionado pela promessa de ganho rápido
Dinheiro destinado a necessidades básicas acabou indo para bets, impulsionado pela promessa de ganho rápido Crédito: Reprodução

Dados do Banco Central indicam que 21% dos recursos do Bolsa Família foram direcionados para casas de apostas em 2024. O movimento acende um alerta sobre o impacto das bets no orçamento de famílias em situação de vulnerabilidade, já que o dinheiro, que deveria garantir alimentação e despesas básicas, acabou sendo usado em jogos de azar.

A principal explicação está na promessa de enriquecimento rápido. Em um cenário de incerteza financeira, apostar passa a parecer uma saída possível para quem enfrenta dificuldades no dia a dia. Quanto maior a instabilidade, maior o apelo das plataformas de apostas, que vendem a ideia de uma mudança de vida imediata.

Segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, 46% das pessoas que apostam já deixaram de consumir para direcionar dinheiro às bets. Na prática, isso significa menos compras de roupas, redução no gasto com supermercado, corte em restaurantes e até desistência de viagens.

O impacto vai além do orçamento das famílias. As casas de apostas passaram a investir bilhões de reais em anúncios no Google e nas plataformas da Meta, como Facebook e Instagram. Esse movimento inflou a disputa por espaço publicitário e encareceu a publicidade digital como um todo.

Como consequência, o custo por lead no Facebook subiu 21% em 2025, enquanto o Google Ads registrou aumento médio de 13% no custo por clique. Isso significa que empresas de todos os setores passaram a pagar mais para alcançar o mesmo público.

Nos negócios, os efeitos já são sentidos. Clientes têm menos dinheiro disponível para consumir, a concorrência por atenção ficou mais cara e a inadimplência aumentou. De acordo com a CNDL, 26% dos apostadores já se endividaram por causa das apostas, o que agrava ainda mais o cenário econômico.