Publicado em 19 de novembro de 2025 às 15:11
O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, anunciou nesta terça-feira (18) que vai recorrer à Justiça contra o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que ampliou e homologou três Terras Indígenas no estado. A decisão do governo federal, assinada durante a COP 30 em Belém e publicada no Diário Oficial da União, também incluiu uma quarta terra entre o Pará e o Amazonas. Para lideranças indígenas, a medida é uma vitória após anos de luta por segurança, território e direitos básicos.>
As terras homologadas em Mato Grosso são Estação Parecis, em Diamantino; Manoki, em Brasnorte; e Uirapuru, nos municípios de Campos de Júlio, Nova Lacerda e Conquista D’Oeste. A ampliação da Terra Indígena Manoki foi o ponto mais criticado pelo governador: ela passou de cerca de 46 mil hectares para aproximadamente 250 mil hectares, de acordo com o governo federal. Mendes afirma que essa expansão fere o artigo 13 da Lei 14.701, que proíbe aumentar áreas que já estão demarcadas.>
O governador também argumenta que as terras Estação Parecis e Uirapuru ficam em regiões produtivas do estado, o que poderia gerar insegurança para famílias e produtores rurais. Por isso, determinou que a Procuradoria-Geral do Estado entre na Justiça para tentar barrar o decreto. Mendes enfatizou que não questiona os direitos dos povos indígenas, mas sim o que considera uma decisão que traz insegurança jurídica e ameaça quem mora e trabalha nessas áreas.>
Atualmente, Mato Grosso possui 73 terras indígenas demarcadas, somando 15 milhões de hectares, o equivalente a 16% do território estadual. Na região da Terra Indígena Manoki, segundo o governo, vivem centenas de famílias e existem dezenas de Cadastros Ambientais Rurais, alguns com respaldo judicial, o que tende a intensificar conflitos fundiários.>
Relatórios do Conselho Indigenista Missionário mostram que, apenas em 2024, houve 18 casos de conflitos e disputas territoriais envolvendo povos indígenas no estado. Também foram registrados 32 episódios de invasão, exploração ilegal de recursos naturais e danos ao patrimônio, além de ameaças de morte contra lideranças locais.>