Governo Lula intensifica discurso contra o crime organizado após megaoperação no Rio

Após a maior operação da história do Rio, que resultou em mais de 120 mortos, governo federal se mobiliza com novas medidas e reforço na luta contra o crime

Publicado em 31 de outubro de 2025 às 09:02

Após a maior operação da história do Rio, que resultou em mais de 120 mortos, governo federal se mobiliza com novas medidas e reforço na luta contra o crime.
Após a maior operação da história do Rio, que resultou em mais de 120 mortos, governo federal se mobiliza com novas medidas e reforço na luta contra o crime. Crédito: Reprodução

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está intensificando seu discurso de combate ao crime organizado após a megaoperação no Rio de Janeiro, a mais letal da história do estado, que deixou mais de 120 mortos. A operação, que visou membros do Comando Vermelho, gerou forte repercussão, incluindo críticas do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), que cobrou maior presença federal no combate à criminalidade.

Em resposta à crise, o Planalto tem adotado medidas de reforço na segurança e se esforçado para dar uma resposta rápida ao cenário de tensão. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, enviaram mensagens conflitantes sobre o envolvimento do governo federal na operação, o que gerou confusão e abriu espaço para críticas de governadores e parlamentares da oposição. Isso forçou o presidente Lula a reagir rapidamente.

No dia seguinte à operação, uma comitiva de autoridades foi enviada ao Rio, incluindo Lewandowski, Rodrigues e as ministras Anielle Franco (Igualdade Racial) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos e Cidadania). O grupo se reuniu com o governador Cláudio Castro e anunciou a criação de um escritório de comunicação emergencial entre os dois governos, com o objetivo de melhorar a agilidade e coordenação em futuras crises. Além disso, foi anunciado o envio de 20 peritos da Polícia Federal para reforçar as investigações.

No dia 30 de outubro, dois dias após a operação, Lula sancionou a lei 15.245/2025, que endurece as punições para quem obstruir investigações contra organizações criminosas. A nova legislação prevê penas de 4 a 12 anos para quem dificultar ações contra facções criminosas e altera o Código Penal, tornando mais rígidas as punições para quem for encontrado envolvido com organizações criminosas, incluindo novos tipos de crimes como a "conspiração para obstrução de investigações". A lei também amplia a proteção a autoridades e servidores públicos envolvidos no combate ao crime, como juízes e policiais.

Além das medidas legislativas, o governo tem focado na aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, que visa centralizar as diretrizes de combate ao crime sob a responsabilidade da União. A proposta tem como objetivo dar status constitucional ao Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) e melhorar o financiamento e a gestão das políticas de segurança nos estados.

A PEC foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara em julho, mas ainda precisa passar por uma comissão especial antes de ser analisada no plenário da Câmara e, em seguida, no Senado. Embora a proposta tenha enfrentado resistência inicial, incluindo de governadores como Cláudio Castro, o relator Mendonça Filho (União Brasil-PE) fez ajustes no texto para tornar a PEC mais conciliadora e evitar um impasse com os estados.

O governo também está avançando com um projeto de lei que visa aumentar as penas para crimes relacionados ao crime organizado. O Projeto de Lei Antifacção, que altera a punição para organizações criminosas, foi entregue ao Planalto pelo ministro da Justiça. A proposta inclui penas mais severas para homicídios e crimes cometidos por facções, além de considerar crime hediondo a organização criminosa qualificada.

O texto também busca combater o crime organizado infiltrado na administração pública e prevê ações contra facções que atuam por meio de empresas, incluindo a criação de empresas fictícias para lavagem de dinheiro. O projeto está sob análise da Casa Civil e, após a avaliação técnica, deve ser encaminhado ao Congresso para discussão.

Com a pressão crescente sobre o governo, Lula se prepara para enfrentar novos desafios. No sábado (1º/11), o presidente embarca para Belém (PA) e deve ficar fora de Brasília até 10 de novembro, quando começará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). Enquanto isso, o governo continua pressionado a apresentar soluções rápidas e eficazes para a crise de segurança pública no país.

Com a intensificação das operações de combate ao crime e a apresentação de novas propostas legislativas, o governo busca responder à crescente demanda da sociedade por mais segurança e eficiência no combate às facções criminosas. A repercussão da operação no Rio de Janeiro certamente continuará a influenciar o ritmo das ações do Planalto nas próximas semanas.