Publicado em 8 de dezembro de 2025 às 08:06
A voz embargada de Lúcia Aparecida Souza da Silva traduz o que nenhuma mãe espera viver. Ao falar da filha, Tainara Souza Santos, 31 anos, vítima de um atropelamento brutal na Zona Norte de São Paulo, ela repete uma promessa que virou mantra desde o dia da tragédia: “Eu vou ser as pernas dela.” A jovem segue internada na UTI do Hospital das Clínicas, em estado grave, após ter ambas as pernas amputadas.>
O caso ganhou repercussão nacional depois que motoristas flagraram, em vídeos, o carro dirigido por Douglas Alves da Silva, 26, seguindo pela Marginal carregando o corpo de Tainara preso sob o veículo. Nas imagens, o motorista muda de faixa, faz ultrapassagens e continua dirigindo enquanto outros condutores buzina e gritam sem acreditar na cena.>
Segundo a Polícia Civil, Douglas não só atropelou a vítima como acelerou o carro propositalmente para tentar matá-la. Um dos passageiros que estava com ele relatou que o agressor ficou descontrolado ao ver Tainara conversando com outro homem minutos antes, após o término do relacionamento entre ambos.>
A jovem havia saído de um bar com um amigo quando foi atingida. Presa sob o carro, foi arrastada por aproximadamente um quilômetro. As tentativas de socorro foram impossíveis até que Douglas abandonou o local e fugiu. Ele foi preso no dia seguinte e responde por tentativa de feminicídio.>
Tainara passou por cirurgias sucessivas após o resgate. Mesmo sedada, sua luta pela sobrevivência se tornou símbolo de indignação. “Ela é forte, está lutando devagarzinho. Mas eu ainda lembro das buzinas, do desespero… Meu coração fica apertado imaginando o que ela sentiu”, contou Lúcia ao Fantástico.>
O agressor já havia sido detido em 2023 por porte ilegal de arma. Na época, ganhou o direito a um acordo judicial após confessar o crime, benefício que perdeu ao reincidir em nova infração cinco meses após o descumprimento do acordo.>
A defesa de Douglas nega que ele conhecesse Tainara e afirma que a discussão teria sido com um amigo da jovem. A versão será analisada pela Justiça.>
Enquanto isso, Lúcia tenta equilibrar a dor e a esperança. Ao lado da filha no hospital, ela repete a frase que sustenta a família nos últimos dias: “Ela vai ser feliz de novo. E quando ela não puder andar, eu vou andar por ela. Vou ser as pernas dela.”>