Megaoperação no RJ: entenda quem são os mortos, os presos e o que se sabe até agora

O governador do RJ, Cláudio Castro, afirmou que a operação é parte do combate à criminalidade nas comunidades dominadas por facções.

Publicado em 29 de outubro de 2025 às 14:58

Megaoperação deixou 64 mortos no RJ -
Megaoperação deixou 64 mortos no RJ - Crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil

Uma megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio, transformou a região em cenário de guerra desde a terça-feira (28). A ação conjunta das polícias Civil e Militar já é considerada a mais letal da história do estado.

Até a manhã desta quarta-feira (29), o balanço oficial apontava 119 mortos e 113 presos, incluindo 10 menores de idade. Entre as vítimas estão quatro policiais, e os demais são classificados pelo governo como suspeitos. A contagem exata ainda é incerta, pois só é consolidada após a chegada dos corpos ao Instituto Médico-Legal (IML).

A operação mobiliza 2,5 mil agentes e teve como principal alvo Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca ou Urso, apontado como um dos líderes do Comando Vermelho (CV). Ele passou a integrar a lista de procurados do Disque Denúncia, com a recompensa elevada de R$ 1 mil para R$ 100 mil. Outros nomes da cúpula do CV também são procurados: Pedro Paulo Guedes (Pedro Bala), Carlos Costa Neves (Gadernal) e Washington César Braga da Silva (Grandão).

Os policiais mortos na operação

Heber Carvalho da Fonseca

Sargento do Bope, tinha 39 anos e mais de 14 anos de carreira na corporação de elite. Foi socorrido com vida, mas não resistiu. Deixou esposa, dois filhos e um enteado. O Bope lamentou sua morte nas redes sociais, destacando sua coragem e dedicação à missão policial.

Cleiton Serafim Gonçalves

Também sargento do Bope, Cleiton Serafim, de 42 anos, tinha 17 anos de carreira. Ele foi baleado durante os confrontos e morreu no Hospital Getúlio Vargas. Era casado e pai de uma menina.

Rodrigo Cabral

Policial civil, tinha apenas dois meses na corporação e estava lotado na 39ª DP (Pavuna). Foi atingido por um tiro na nuca. Nas redes sociais, era conhecido por compartilhar momentos em família e torcer para o Botafogo. A esposa o descreveu como “o melhor pai, marido e amigo”.

Marcos Vinicius Cardoso Carvalho (“Máskara”)

Com 20 anos de carreira na Polícia Civil, Marcos Vinicius era chefe na 53ª DP (Mesquita) e muito respeitado pelos colegas. Foi atingido na cabeça durante o confronto. Um áudio gravado por uma policial que o socorria mostra o desespero dos agentes em meio ao tiroteio intenso.

Outros mortos e relatos de familiares

Ainda não há identificação oficial de todos os mortos. O governo classifica as demais vítimas como “suspeitos”.

Moradores relatam que vários corpos foram retirados de áreas de mata na Serra da Misericórdia, e dezenas deles ficaram estendidos em frente a uma creche na Vila Cruzeiro, antes de serem levados pelo rabecão.

Familiares começaram a procurar parentes desaparecidos nos IMLs e hospitais da região.

Um avô contou que o neto, Jean Alex Santos Campos, de 17 anos, conhecido como Café, foi morto, mas o corpo já havia sido removido antes que ele pudesse se despedir.

Outra família identificou Adaylton Bruno, também morto na operação. Segundo parentes, ele tinha envolvimento com o tráfico e foi atingido com um tiro no rosto.

Quem são os presos

Entre os 113 presos, está Thiago do Nascimento Mendes, o Belão, considerado braço direito de Doca e um dos líderes do CV na Penha.

Belão foi capturado dentro de uma casa na Favela da Chatuba. Ele controlava o Morro do Quitungo, disputado com o grupo rival Terceiro Comando Puro (TCP), chefiado por Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão.

Segundo a polícia, Belão tinha seis mandados de prisão e era responsável por coordenar o tráfico, o abastecimento de armas e o envio de “soldados” para os confrontos.

Outro preso importante é Nikolas Fernandes Soares, apontado como operador financeiro de Doca, responsável pela contabilidade e pelo pagamento dos integrantes da facção.

Policiais feridos

Seis agentes ficaram feridos durante os confrontos, e quatro deles ainda precisam de doação de sangue, segundo o Hemorio.

Entre os feridos estão:

• Subtenente Luís Cláudio Fernandes Leal

• Capitão Luiz Felipe Alvarez da Costa

• Delegado Bernardo Leal Anne Dias

• Leandro Oliveira dos Santos

• Rodrigo Vasconcelos Nascimento

• Rodrigo da Silva Ferreira Soares

• Cabo Ricardo Oliveira de Farias

O que diz o governo

O governador Cláudio Castro afirmou que a operação é parte do combate à criminalidade nas comunidades dominadas por facções. Já o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, declarou que “as únicas vítimas são os policiais”, o que gerou críticas de entidades de direitos humanos e familiares de moradores.

A operação segue em andamento, com buscas na Serra da Misericórdia e ações de varredura nas comunidades.

Com informações do G1