Publicado em 18 de agosto de 2025 às 11:41
Conteúdo Estadão - A mãe de uma das adolescentes que moravam com Hytalo Santos, investigado pelo Ministério Público pelos crimes de tráfico de pessoas e exploração sexual infantil, afirmou que não via problema na relação da filha com o influenciador ou nos vídeos que ela postava da menor de idade. As identidades da adolescente e de sua família foram preservadas.>
"Vendi minha casa, abandonei meu emprego e fui viver a vida com ela, realizar o sonho dela", disse a mãe ao Domingo Espetacular da TV Record. "Eu nunca vi nada demais".>
O caso veio à tona após vídeo do youtuber Felca que denuncia que influenciadores como Hytalo exploravam crianças e adolescentes para ganhar dinheiro com o uso de suas imagens nas redes sociais. Em diversos vídeos postados pelo influencer, as adolescentes apareciam fazendo danças sensuais.>
A defesa de Hytalo afirma que ele e seu marido, também preso na sexta-feira, 15, são inocentes e "sempre se colocaram à disposição das autoridades". Consideram também que a decisão de prisão é uma medida "extrema".>
Sobre as críticas de que a jovem passa por um processo de "adultização" e exploração sexual, a mãe rebate: "não concordo com nada, como é que ela está sendo adultizada se ela teve infância?". Ela e a filha ganharam uma casa do influenciador.>
De acordo com a denúncia do Ministério Público, o influencer pagava às famílias dos adolescentes cerca de três salários mínimos para abrigá-los em sua casa. Os menores, sob a tutela de Hytalo, eram chamados de "cria" pelo influenciador.>
O pai da menina, separado da mãe, relatou ao programa se preocupar com a exposição da filha desde 2019, quando denunciou, pela primeira vez, a exploração da imagem da adolescente ao conselho tutelar.>
"Nunca quis isso para ela. Eu queria um futuro para ela, que ela estudasse, que ela se formasse, que ela tivesse uma profissão boa, não estar exibindo o corpo para todo mundo ver", afirmou o pai, que também não foi identificado para preservar a menor de idade.>
"Toda vez que eu ia ao conselho tutelar, Ministério Público, delegacia, eles diziam 'é porque a Justiça é lenta'", acrescenta>
A adolescente, porém, acusou, na reportagem, o pai de chegar bêbado em casa e agredir ela e a mãe quando eles moravam juntos. Diz ainda que Hytalo falou que ela "não precisava disso" e que "seria seu pai".>
Segundo o MP, o influencer apreendia os celulares das vítimas para garantir que apenas o seu perfil nas redes sociais fizessem postagens, estratégia que concentrava a audiência em suas plataformas.>
"Hytalo Santos exercia um controle significativo sobre os celulares de adolescentes e funcionários. Este controle fazia parte de um padrão mais amplo de gerência sobre a vida pessoal e profissional das pessoas ligadas a ele, especialmente os adolescentes conhecidos como 'crias' e sua equipe de segurança e assessoria", informou o órgão.>
Entenda o caso>
Felca, no vídeo sobre adultização de crianças publicado na semana passada, chamou o conteúdo de Hytalo de "circo macabro". Investigado pelo MP da Paraíba desde 2024, foi banido do Instagram após o vídeo de Felca.>
O marido de Hytalo, Israel Vicente também teve sua conta do Instagram desativada, poucas horas após publicar uma mensagem em defesa de cônjuge.>
Hytalo gravava danças com menores de idade, muitas delas com pouca roupa, e ganhava dinheiro ao divulgar os vídeos nas redes. Com o passar dos anos, ele criou uma casa apelidada de "mansão" e levou algumas crianças para morar com ele, com a permissão dos pais.>
O influenciador apelidou o grupo de "filhos", a maioria jovens em vulnerabilidade social, a quem ele oferecia suporte financeiro, moradia, alimentação e educação. Em troca, eles aparecem em seus conteúdos.>
Ele também ficou conhecido pela ostentação nas redes, o que incluía desde a distribuição de celulares de última geração até a doação de carros, casas e cirurgias plásticas para as "filhas" adolescentes.>