Publicado em 25 de setembro de 2025 às 09:49
Um esquema que funcionava há mais de 20 anos no mercado de combustíveis paulista foi alvo da "Operação Spare", deflagrada nesta quinta-feira (25) pela Receita Federal, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) e a Polícia Civil do Estado (PCSP). A ação é um desdobramento da "Operação Carbono Oculto" e tem como foco desarticular a estrutura financeira do Primeiro Comando da Capital (PCC), que utilizava empresas formais para lavar dinheiro obtido de atividades ilícitas.
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De acordo com os investigadores, a estratégia do grupo envolvia a criação de uma rede de negócios aparentemente legais. Postos de combustíveis, motéis, franquias de grandes marcas e empreendimentos imobiliários eram usados como fachada para movimentar quantias milionárias. Apenas entre 2020 e 2024, mais de 60 motéis controlados por "laranjas" registraram fluxo de R$ 450 milhões, enquanto 98 franquias chegaram a movimentar cerca de R$ 1 bilhão no mesmo período.
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O principal alvo é Flavio Silvério Siqueira, o "Flavinho", apontado como um dos maiores operadores do PCC no setor de combustíveis. Ele estaria ligado a uma rede de aproximadamente 200 postos, todos administrados por meio de uma única prestadora de serviços. A investigação aponta que a atuação de Flavinho e seus associados foi decisiva para consolidar o grupo criminoso nesse mercado.
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Os bens adquiridos com os lucros da lavagem chamam atenção pelo alto valor: um iate de 23 metros, dois helicópteros, um Lamborghini Urus, além de terrenos avaliados em R$ 20 milhões e imóveis comprados por cifras que chegam a R$ 5 milhões.
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A operação desta quinta mobilizou 64 servidores da Receita Federal e 28 integrantes do Ministério Público, que cumpriram 25 mandados de busca e apreensão em São Paulo (19), Santo André, Barueri, Bertioga, Campos do Jordão e Osasco. Segundo os órgãos de investigação, o objetivo é estrangular financeiramente a facção, atingindo diretamente a estrutura patrimonial que sustentava o esquema.>