Barco do Ciclo da Borracha é restaurado e em breve será exibido ao público

Barco metálico do século XIX, ligado ao Ciclo da Borracha, foi restaurado em Belém e deve se tornar atração pública ao lado do Porto Futuro I.

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Jorge Mateus

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Publicado em 10 de setembro de 2025 às 13:02

Barco do Ciclo da Borracha é restaurado e em breve será exibido ao público
Barco do Ciclo da Borracha é restaurado e em breve será exibido ao público Crédito: Leonardo Macêdo / Ascom Seop

Um achado arqueológico raro promete ajudar a recontar a história de Belém. O barco metálico encontrado durante as escavações do Parque Linear da Nova Doca foi restaurado entre fevereiro e julho deste ano e agora passa pelas últimas vistorias para ajustes na camada de revestimento. Com 22 metros de comprimento, a embarcação é considerada uma das descobertas mais significativas já feitas durante as obras na região.

O resgate foi realizado em três etapas e exigiu cuidados especiais devido ao peso e à fragilidade da estrutura. O barco foi transferido para um laboratório montado ao lado do Porto Futuro I, onde ficará exposto futuramente.

Segundo a arquiteta Tainá Arruda, responsável pela restauração, o maior desafio foi lidar com a corrosão provocada pelas décadas em que o casco permaneceu soterrado em ambiente úmido. “A maior dificuldade da restauração é a fragilidade em algumas áreas da embarcação. Como a estrutura estava soterrada por muitos anos em ambiente úmido, a corrosão avançou em vários pontos. É preciso muito cuidado, pois o material fica exposto ao ar livre”, explica.

Além da embarcação, foram encontrados fragmentos de louças e garrafas, que ajudam a compor um retrato de diferentes épocas da cidade. O arqueólogo Kelton Mendes lembra que esses objetos oferecem pistas sobre a vida cotidiana de Belém nos primeiros séculos de sua formação. “Esses artefatos fazem parte da história de Belém. Eles datam de pelo menos 200 a 300 anos, inseridos no contexto da colonização, do Império e do início da República”, afirma.

Os estudos indicam que o barco pode ter origem europeia ou americana, construído entre meados do século XIX e início do XX, período marcado pelo auge do Ciclo da Borracha. Foi nesse contexto que embarcações metálicas se tornaram mais comuns na Amazônia, fundamentais para o transporte de produtos como borracha, cacau, castanha e madeira. Esses barcos conectavam Belém a outras cidades ribeirinhas e seringais, desempenhando papel central na economia regional.

Hoje, o local onde a embarcação foi encontrada é um bairro comercial e residencial, distante da antiga função portuária. Ver o barco restaurado e prestes a ser exibido ao público representa uma oportunidade única de compreender a evolução da capital paraense ao longo dos séculos.

O achado acontece justamente no momento em que Belém se prepara para sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). O Parque Linear da Nova Doca, que chega a 97% de execução, foi projetado para oferecer múltiplos espaços de lazer e convivência, como passarela com mirante, jardins, quiosques, área para piquenique, playground, academia ao ar livre, fonte interativa, espaço pet e áreas destinadas a eventos e práticas esportivas.

Por: Jorge Mateus Palheta (Estagiário sob supervisão de Danielle Zuquim, editora chefe da manhã).