Publicado em 20 de agosto de 2025 às 13:59
Uma auditoria preliminar do Tribunal de Contas da União (TCU) levantou indícios de irregularidades no pagamento do seguro-defeso no Pará. O benefício é destinado a pescadores artesanais que precisam parar de pescar durante o período de reprodução dos peixes, mas em muitos municípios paraenses os números de registros não batem com a realidade da produção. As informações são da colunista Nathalia Portinari, do UOL
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Segundo o TCU, 43 cidades do Pará e Maranhão não registraram nenhuma produção de pescado ou culturas aquáticas, mas concentram 49 mil pessoas cadastradas como pescadores. Só no Pará, parte desses registros já chamou a atenção de técnicos por aparentes distorções.>
Mocajuba: 96% dos adultos recebem seguro>
O caso mais emblemático no Pará é Mocajuba, no Baixo Tocantins. Em 2023, 96% da população adulta, cerca de 15,3 mil pessoas, recebeu o seguro-defeso. Porém, a produção local de peixe foi estimada em 25 mil quilos no ano, o que daria pouco mais de 1,7 kg por pescador.>
Produção incompatível>
De acordo com a auditoria, em 107 municípios do Maranhão e do Pará, a produção aquícola não chega a dez quilos por pescador por ano. Isso indica que o número de pessoas cadastradas como beneficiárias pode ser muito maior do que o número real de trabalhadores que vivem exclusivamente da pesca.>
O TCU destacou no relatório que “índices tão baixos podem sinalizar distorções, como o recebimento do benefício por pessoas que não exercem efetivamente a atividade, fraudes ou inconsistências nos registros”.>
Fiscalização em mudança>
As suspeitas de irregularidades já levaram o governo federal a rever as regras. Agora, as prefeituras precisam homologar o pagamento do benefício, medida criticada por entidades de pescadores. Além disso, a fiscalização deve passar do Ministério da Pesca para o Ministério do Trabalho e Emprego.>
O Pará, ao lado do Maranhão, lidera o número de pescadores registrados no Brasil. Atualmente, são cerca de 2 milhões de pessoas inscritas no Registro Geral da Pesca (RGP), o dobro do registrado em 2022.>
O Ministério da Pesca e Aquicultura informou que vem trabalhando para “fortalecer e aprimorar o sistema de licenciamento, tornando-o mais seguro e confiável, de forma a coibir fraudes e garantir que o benefício chegue a quem de fato tem direito”.>
Com informações do UOL>