Médicos no Pará fazem alerta sobre uso de canetas emagrecedoras

Medicamentos como liraglutida e semaglutida ganham espaço no combate à obesidade, mas exigem uso responsável e acompanhamento profissional contínuo.

Publicado em 30 de maio de 2025 às 15:02

Médicos no Pará fazem alerta sobre uso de canetas emagrecedoras
Médicos no Pará fazem alerta sobre uso de canetas emagrecedoras Crédito: Marcelo Zeno/ Ascom HJB

Nos últimos anos, medicamentos originalmente desenvolvidos para o controle do diabetes tipo 2 — como a liraglutida e a semaglutida — ganharam destaque em uma nova função: o tratamento da obesidade. Popularmente chamadas de “canetas emagrecedoras”, essas substâncias passaram a ser usadas com mais frequência por pessoas com sobrepeso ou obesidade, impulsionadas por resultados promissores observados em estudos clínicos.

No Brasil, já estão aprovados para essa finalidade os medicamentos Saxenda (liraglutida) e Wegovy/Ozempic (semaglutida). A mais recente promessa nesse mercado é a tirzepatida, presente no medicamento Mounjaro, que deve chegar ao país no final de maio. Apesar de ainda estar aprovada apenas para diabetes, ela já vem sendo estudada para o tratamento da obesidade com bons resultados.

Indicação precisa e cuidado contínuo

Segundo a endocrinologista Emanuelle Pantoja, do Hospital Jean Bitar (HJB), os medicamentos não devem ser utilizados de forma indiscriminada. “Eles são indicados para pacientes com diabetes e obesidade, ou com IMC a partir de 27 que apresentem comorbidades como hipertensão ou colesterol alto. O uso é sempre acompanhado de avaliação médica criteriosa e contínua”, explica.

Ela alerta que, embora eficazes no controle do peso, esses medicamentos não curam a obesidade — uma doença crônica que exige mudança de hábitos e acompanhamento de longo prazo.

Nutrição e efeitos colaterais

A nutricionista Isadora Cordeiro, também do HJB, ressalta que o uso das canetas pode impactar diretamente o sistema digestivo, por isso a alimentação precisa ser ajustada. “É essencial beber mais água, consumir fibras e optar por proteínas magras. Esses ajustes ajudam a minimizar efeitos como prisão de ventre e enjoos”, afirma.

Ela reforça que uma rotina saudável de alimentação equilibrada e prática de exercícios físicos é indispensável para que o tratamento traga resultados sustentáveis.

Programa Obesidade Zero: referência no Pará

No Pará, o Hospital Jean Bitar se tornou uma das principais referências no tratamento da obesidade por meio do programa Obesidade Zero, lançado em 2020 pelo Governo do Estado. A iniciativa oferece cirurgias bariátricas gratuitas, além de um acompanhamento clínico completo.

Desde a criação do programa até o primeiro trimestre de 2025, mais de 2 mil cirurgias já foram realizadas, beneficiando pacientes de várias regiões do estado. Um dos exemplos é a dona de casa Jéssica Matos, de Belém, que realizou a bariátrica no hospital. “Antes eu pesava 135 kg. Fiz a cirurgia por causa da minha saúde e hoje já perdi 35 kg. Recebo acompanhamento de médicos, psicólogos e nutricionistas. É uma caminhada difícil, mas vale muito a pena”, diz.