Vídeo: moradores fecham a Alça viária em protesto contra lixão no Pará

O empreendimento, denominado Complexo de Destinação Final de Resíduos Sólidos Urbanos (CTR), está projetado para ficar entre Acará e Bujaru, com previsão de receber resíduos domiciliares e industriais da região metropolitana.

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Silmara Lima

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Publicado em 28 de outubro de 2025 às 09:05

Moradores dos municípios de Acará e Bujaru fecharam a Alça Viária na manhã desta terça-feira (28).
Moradores dos municípios de Acará e Bujaru fecharam a Alça Viária na manhã desta terça-feira (28). Crédito: Reprodução/Redes Sociais

Moradores dos municípios de Acará e Bujaru, no nordeste paraense, fecharam a Alça Viária, no quilômetro 33, na manhã desta terça-feira (28), em protesto contra a instalação de um aterro sanitário entre os dois municípios que, segundo as comunidades, se configura como “lixão” para receber resíduos da Região Metropolitana de Belém.

Um vídeo mostra que toras de madeira e outros obstáculos foram utilizados para fechar a rodovia causando uma fila quilométrica de carros e um grande impacto no tráfego.

O empreendimento, denominado Complexo de Destinação Final de Resíduos Sólidos Urbanos (CTR), está projetado para ficar entre Acará e Bujaru, com previsão de receber resíduos domiciliares e industriais da região metropolitana. As comunidades locais denunciam que o projeto abrange cerca de 200 hectares, impacta mais de 8.000 habitantes e ameaça ao menos 38 mananciais hídricos, roças, balneários e territórios de comunidades tradicionais quilombolas e ribeirinhas.

Os manifestantes afirmam que a planta da licitação não respeitou a consulta prévia, livre e informada conforme a convenção da Organização Internacional do Trabalho 169, pois comunidades afetadas não foram adequadamente ouvidas. As lideranças comunitárias alegam que a instalação do aterro iria comprometer a qualidade da água – a localidade fica próximas a nascentes e igarapés que abastecem alimentação, pesca e plantio local. “Isso é uma ameaça pra gente. Fora os problemas sociais com relação à saúde, porque aqui nós respiramos um ar puro e isso pode acabar”, chegou a declarar um líder quilombola da região.

Além disso, os moradores exigem:

• esclarecimentos públicos sobre o processo de licenciamento ambiental;

• realização de audiência pública com participação real das comunidades;

• suspensão da implantação até que todos os impactos sejam elucidados.

O órgão ambiental estadual, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas-PA), afirmou que está “analisando o pedido sobre a instalação do aterro” e que qualquer implantação seguirá procedimentos legais. Por sua vez, o projeto é defendido pela Revita Engenharia S.A. (empresa responsável) como uma “solução moderna e segura para a destinação de resíduos”. Mas o discurso ainda tem resistência local e questionamentos sobre sua real natureza.