Aumentos, farra na Copa e retaliação a jornalistas: o mandato de polêmicas de Ednaldo Rodrigues na CBF

Decisão judicial expõe série de polêmicas envolvendo o dirigente, incluindo suspeita de fraude, gastos milionários na Copa de 2022 e pressões sobre jornalistas.

Publicado em 16 de maio de 2025 às 09:41

Ednaldo foi afastado do cargo por decisão do TJ-RJ - 
Ednaldo foi afastado do cargo por decisão do TJ-RJ -  Crédito: Rafael Ribeiro/CBF

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) afastou, pela segunda vez, Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A decisão, divulgada nesta quinta-feira (15), foi assinada pelo desembargador Gabriel de Oliveira Zefiro, que também nomeou o vice-presidente Fernando Sarney como interventor e determinou a realização de novas eleições para os cargos diretivos da entidade "o mais rápido possível".

Suspeita de fraude

A nova determinação da Justiça ocorreu após denúncias de fraude em uma das assinaturas que garantiram a permanência de Ednaldo no comando da CBF. Segundo petição enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a assinatura do ex-presidente interino Coronel Nunes teria sido forjada. Nunes possui laudos que apontam déficit cognitivo e já havia assinado uma procuração abrindo mão da administração de suas finanças. Embora o ministro Gilmar Mendes tenha recusado inicialmente o pedido de afastamento no STF, encaminhou o caso ao TJ-RJ, que optou pela destituição do dirigente.

Farra na Copa do Catar

A decisão reacendeu as polêmicas que marcaram a trajetória de Ednaldo Rodrigues no futebol brasileiro. Entre elas, está o episódio da "farra da Copa do Catar", quando 49 pessoas sem vínculos com a CBF, incluindo artistas, parlamentares e familiares, foram levadas ao Mundial com todas as despesas pagas pela entidade, incluindo hotel cinco estrelas, ingressos e até cartão corporativo. O gasto estimado foi de R$ 3 milhões, segundo revelou a revista Piauí.

Aumento para dirigentes de federações

Outro ponto controverso foi o aumento de 300% nos valores pagos mensalmente aos presidentes das federações estaduais, que passaram de R$ 50 mil para R$ 215 mil. As federações são justamente as responsáveis pelos votos mais decisivos nas eleições da CBF. A medida teria contribuído para a reeleição unânime de Ednaldo em março de 2024, em uma eleição de chapa única com apoio de todos os clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro.

Polêmicas na arbitragem

A gestão também ficou marcada por críticas à arbitragem. Apesar de prometer melhorias, Ednaldo suspendeu viagens e hospedagens para árbitros da Série A, comprometendo avaliações físicas regulares. A crise se agravou com decisões polêmicas nas partidas entre Internacional x Cruzeiro e Sport x Palmeiras, levando à suspensão das equipes de arbitragem envolvidas.

Retaliação a jornalistas

Além disso, o dirigente foi acusado de tentar silenciar jornalistas. Após a repercussão das denúncias veiculadas pela Piauí, seis comentaristas da ESPN foram afastados de suas funções. Segundo apuração, a cúpula da CBF pressionou a direção da emissora após críticas feitas ao vivo no programa Linha de Passe, no dia 8 de abril.

Com a nova decisão do TJ-RJ, o futuro da CBF volta a ser incerto, enquanto cresce a pressão por mais transparência e responsabilidade na maior entidade do futebol brasileiro.