Publicado em 17 de dezembro de 2025 às 11:46
O Paysandu voltou ao centro de um debate institucional ao formalizar sua manifestação junto ao Ministério Público do Pará em um procedimento que apura possíveis falhas na condução financeira do clube. A resposta foi protocolada nesta quarta-feira (17) e faz parte de uma investigação que analisa dados contábeis referentes ao período entre 2021 e 2024.>
O caso teve início após conselheiros acionarem o MPPA com questionamentos sobre a gestão administrativa, apontando indícios de inconsistências nos demonstrativos financeiros divulgados pelo próprio clube. A apuração está sob responsabilidade da 2ª Promotoria de Justiça de Tutelas das Fundações Privadas e Associações de Interesse Social.>
Na manifestação enviada ao Ministério Público, o Paysandu sustenta que todas as contas do período analisado foram submetidas aos órgãos internos e aprovadas dentro das regras estatutárias. A diretoria argumenta que esse fator, por si só, afastaria a caracterização de gestão temerária e tornaria desnecessário o prosseguimento da apuração.>
Apesar disso, a defesa não entra em detalhes técnicos sobre alterações relevantes apontadas na denúncia. Um dos pontos sensíveis diz respeito a mudanças expressivas nos números patrimoniais ao fim de 2022, quando os balanços registraram variações milionárias em curto espaço de tempo. Segundo os documentos anexados pelos denunciantes, não há notas explicativas claras que sustentem essas alterações, lacuna que permanece sem esclarecimento objetivo na resposta apresentada pelo clube.>
Outro aspecto levantado envolve o desaparecimento de rubricas contábeis relevantes entre balancetes mensais e o fechamento anual, além de uma redução significativa no total de ativos no mesmo intervalo. A defesa do Paysandu não apresenta documentação complementar nem detalha eventuais reclassificações, ajustes ou baixas que expliquem essas mudanças.>
O procedimento também analisa o funcionamento dos órgãos de controle internos. A denúncia questiona a atuação do Conselho Fiscal, mencionando atrasos na emissão de pareceres e possíveis conflitos de interesse. Na resposta ao MPPA, o clube limita-se a afirmar que todas as instâncias estatutárias atuaram regularmente, sem enfrentar pontualmente as críticas apresentadas.>
Um relatório técnico independente, anexado à representação e elaborado por um contador contratado pelos denunciantes, aponta divergências entre dados publicados no Portal da Transparência do Paysandu e informações constantes em relatórios de auditoria. O documento sugere, inclusive, a solicitação de extratos bancários, contratos e registros patrimoniais para aprofundar a análise. Esse laudo, no entanto, não é confrontado tecnicamente na manifestação do clube.>
Além de rebater o mérito das acusações, a defesa questiona a própria competência do Ministério Público para atuar no caso. O argumento central é que se trata de matéria interna de uma associação privada, sem envolvimento de recursos públicos ou lesão a interesses coletivos que justifiquem a intervenção ministerial. Nesse sentido, o clube também afirma que contratos de patrocínio firmados com o Banpará não configurariam uso de verba pública.>
Ao final, o Paysandu solicita o arquivamento do procedimento, alegando ausência de irregularidades, aprovação formal das contas e inadequação da via escolhida para a denúncia. O Ministério Público do Pará ainda não se pronunciou sobre o pedido. O processo segue em análise e pode resultar tanto no encerramento do caso quanto na solicitação de novas informações ou no aprofundamento das investigações.>