Nova orientação do Vaticano esclarece: sexo no casamento não é só para ter filhos

A Igreja reconhece que, ao longo da história, o sexo foi tratado com muita restrição, sendo visto quase sempre como algo pecaminoso ou tolerado apenas para ter filhos

Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 17:00

A Igreja reconhece que, ao longo da história, o sexo foi tratado com muita restrição, sendo visto quase sempre como algo pecaminoso ou tolerado apenas para ter filhos.
A Igreja reconhece que, ao longo da história, o sexo foi tratado com muita restrição, sendo visto quase sempre como algo pecaminoso ou tolerado apenas para ter filhos. Crédito: Reprodução

O Vaticano publicou, no fim de novembro, um documento oficial afirmando que o sexo dentro do casamento não tem apenas a função de gerar filhos. Segundo o texto, aprovado pelo papa Leão XIV e assinado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, o ato sexual também fortalece o vínculo emocional e afetivo entre o casal.

A Igreja afirma que a sexualidade tem duas dimensões igualmente importantes:

1. Procriativa — aberta à geração de vida.

2. Unitiva — promove união, afeto e pertencimento entre marido e mulher.

Ou seja, os casais não precisam ter a intenção explícita de engravidar em toda relação sexual, desde que a união não rejeite totalmente a possibilidade de gerar filhos.

Três situações reconhecidas

O texto destaca três casos em que o sexo não tem como objetivo a procriação:

• Casais que não podem ter filhos.

• Casais que não planejam engravidar em um ato sexual específico.

• Casais que escolhem ter relações durante períodos naturais de infertilidade, mantendo o afeto e preservando a fidelidade.

Por que isso importa?

A Igreja reconhece que, ao longo da história, o sexo foi tratado com muita restrição, sendo visto quase sempre como algo pecaminoso ou tolerado apenas para ter filhos. A partir do século 20, principalmente depois do Concílio Vaticano II, essa visão começou a mudar.

Especialistas explicam que a nova orientação:

• Não é uma novidade, mas reforça algo já presente no magistério católico: o sexo também é prazer, carinho e união.

• Relembra que o ato sexual deve ser expressão de amor e responsabilidade, não apenas busca de prazer.

O que NÃO muda

Apesar do avanço na linguagem sobre prazer e união, a Igreja:

• Continua rejeitando métodos contraceptivos artificiais (como pílula ou camisinha).

• Defende o uso de métodos naturais, como o método de ovulação Billings.

O documento usa trechos de filósofos e poetas como Pablo Neruda, Montale e Kierkegaard para reforçar a ideia de que o amor conjugal vai além da reprodução.

Ele também foi redigido pelo cardeal Victor Manuel Fernández, figura próxima do papa e conhecida por defender abordagens mais abertas sobre sexualidade e casamento.

Com informações do G1