Vacina experimental apresenta resultados promissores contra recidiva de câncer de pâncreas e intestino

O imunizante experimental ELI-002 2P, capaz de chegar diretamente aos linfonodos, induz forte resposta contra mutações do gene KRAS.

Publicado em 11 de agosto de 2025 às 17:04

Vacina experimental apresenta resultados promissores contra recidiva de câncer de pâncreas e intestino
Vacina experimental apresenta resultados promissores contra recidiva de câncer de pâncreas e intestino Crédito: Reprodução/Freepik

Em um avanço promissor, a vacina ELI-002 2P, desenvolvida para reforçar o sistema imunológico contra tumores com mutação de gene KRAS, demonstrou, no primeiro estudo clínico em humanos (fase 1 - AMPLIFY-201), segurança e eficácia: pacientes com câncer de pâncreas ou colorretal apresentaram respostas imunológicas intensas que se traduziram em maior tempo sem recidiva e sobrevida prolongada.

Segurança e resposta imunológica surpreendente

O estudo envolveu 25 pacientes pós-cirurgia e quimioterapia, ainda com sinais de doença mínima residual (MRD), e mostrou que 84% desenvolveram resposta de células T específicas contra o KRAS mutante, incluindo CD4+ e CD8+. A ausência de toxicidades graves também foi destacada: nenhuma dose limitante ou evento adverso de grau 3 ou 4 foi observado.

Impacto tangível nos desfechos clínicos

Com acompanhamento de cerca de 20 meses em média, o tempo médio de recorrência livre de doença (RFS) chegou a 16,3 meses, valor bem acima dos históricos, e a sobrevida global (OS) atingiu 28,9 meses. Pacientes com resposta de células T acima da mediana não alcançaram o RFS médio (ou seja, ainda estavam livres de recidiva), em contraste com pouco mais de 4 meses nos que apresentaram resposta menor (HR entre 0,14 e 0,23; p < 0,02).

Como funciona o ELI-002 2P

A vacina usa tecnologia “amphiphile” (AMP), que permite que os antígenos mutantes do KRAS, especificamente os peptídeos G12D e G12R, “peguem carona” na albumina para alcançar os linfonodos com mais eficiência, onde estimulam as células imunológicas a reconhecer e atacar células tumorais KRAS-mutadas.

Além disso, observou-se que alguns pacientes desenvolveram resposta também contra outras mutações KRAS não incluídas no vacino, um efeito chamado “spreading”, indicando potencial reação imunológica mais ampla.

O que vem pela frente

Com base nos dados encorajadores da fase 1, segue-se agora o estudo de fase 2 da formulação com sete peptídeos (ELI-002 7P), já em andamento. Um primeiro paciente já foi tratado nesse ensaio, e a análise intermediária dos resultados está prevista para o primeiro semestre de 2025. A FDA também demonstrou apoio à estratégia regulatória da Elicio, a empresa desenvolvedora, com alinhamento sobre desenho, dose e desfecho primário para futuros testes fase 3.

ELI-002 2P representa uma abordagem inovadora e potencialmente transformadora para o câncer de pâncreas e colorretal com mutação KRAS: um imunizante “de prateleira”, seguro e capaz de induzir forte resposta imunológica, retardar recidiva e melhorar a sobrevida. Os próximos ensaios clínicos definirão se essa esperança se tornará realidade clínica.