Publicado em 23 de junho de 2025 às 14:26
A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados criticou a postura do Itamaraty ao condenar os ataques dos Estados Unidos ao Irã. Segundo a comissão, a nota divulgada neste domingo, 22, republicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é "lamentável".>
Nas redes sociais, o Itamaraty classificou os ataques recentes de Israel e dos Estados Unidos contra as instalações nucleares iranianas como uma "violação da soberania" do Irã e do direito internacional. O ministério afirmou que os ataques "representam uma grave ameaça à vida e à saúde de populações civis, ao expô-las ao risco de contaminação radioativa e a desastres ambientais de larga escala".>
Para a comissão presidida pelo deputado Filipe Barros (PL-PR), a postura do Itamaraty reflete um alinhamento do Brasil com o Irã. O deputado criticou o posicionamento brasileiro justificando que o ataque dos EUA foi "corajoso e necessário", visto que a destruição do programa nuclear iraniano era "desejado por boa parte do mundo".>
"O Brasil atual tem sido muito diligente quando é para condenar Israel e os EUA, mas extremamente omisso quando o assunto é reconhecer como terroristas, organizações financiadas pelo Irã, além do próprio regime que defende publicamente a destruição do Estado de Israel", afirmou a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional.>
Segundo o presidente da comissão, a próxima reunião deliberativa do colegiado pautará uma moção de apoio e solidariedade a Israel "É lamentável esta postura que rompe com uma tradição de elevada neutralidade", disse o deputado.>
Além disso, Filipe Barros também apresentou um requerimento para que seja realizada uma audiência pública sobre as denúncias de sumiço de urânio do Brasil.>
Nas últimas semanas, publicações circularam nas redes sociais sugerindo que o Brasil forneceu urânio para que o Irã produzisse ogivas nucleares. Os conteúdos fazem a acusação citando o episódio em que dois navios iranianos atracaram no Rio de Janeiro em 2023. Como mostrou o Estadão Verifica, equipe de checagem de fatos do jornal, a informação é falsa.>
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), responsável pelo programa nuclear brasileiro, afirmou, no entanto, que nunca houve exportação de urânio para o Irã. A empresa pública Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que explora o material no País, também nega que o Irã seja um de seus clientes. A INB fornece urânio principalmente para a Eletronuclear, uma empresa nacional de fornecimento de energia.>
A Constituição Federal e o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) - do qual o Brasil é signatário desde 1998 - proíbem a exploração do urânio para fins bélicos.>
Na nota publicada pelo governo brasileiro neste domingo, 22, o Itamaraty afirmou que a posição histórica do Brasil é de que a energia nuclear deve ser usada "somente para fins pacíficos e rejeita com firmeza qualquer forma de proliferação nuclear, especialmente em regiões marcadas por instabilidade geopolítica, como o Oriente Médio".>
Os ataques à usina iraniana foram motivados por acusações dos Estados Unidos e de Israel de que o governo iraniano estaria desenvolvendo secretamente armas nucleares.>
A campanha de ataque ao Irã começou após um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) identificar níveis elevados de enriquecimento de urânio nas instalações nucleares iranianas>
O país persa afirma, por sua vez, que não viola os acordos internacionais e que se trata de uma tentativa das forças israelenses e norte-americanas de derrubar o regime Khamenei.>
Estadão Conteúdo. >