Defesa de Bolsonaro afirma que ex-presidente seria 'traído' em plano de golpe de Estado

Bolsonaro, indiciado por tentativa de golpe de Estado, sustenta que o plano não o beneficiaria diretamente e que ele poderia, inclusive, ser vítima de uma traição.

Publicado em 30 de novembro de 2024 às 11:17

O advogado Paulo Amador da Cunha Bueno (à direita) defende a família Bolsonaro - 
O advogado Paulo Amador da Cunha Bueno (à direita) defende a família Bolsonaro -  Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil e reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que durante seu governo teve os militares como aliados importantes, agora direciona sua defesa atribuindo a integrantes das Forças Armadas a responsabilidade pelo plano identificado pela Polícia Federal (PF) que teria como objetivo impedir a posse do presidente Lula (PT). Em uma estratégia que busca eximi-lo de culpa, Bolsonaro, indiciado por tentativa de golpe de Estado, sustenta que o plano não o beneficiaria diretamente e que ele poderia, inclusive, ser vítima de uma traição por parte de seus aliados militares.

O advogado de Bolsonaro, Paulo Amador da Cunha Bueno, destacou que o plano previa a criação de um “Gabinete Institucional de Gestão da Crise”, que seria liderado pelos generais Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, e Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa. Segundo Bueno, Bolsonaro não faria parte desse gabinete e, portanto, não teria benefício direto com o plano, chamado “Operação Punhal Verde Amarelo”. Ele ainda classificou o esquema como algo que “nem na Venezuela aconteceria”.

Por outro lado, o relatório da PF aponta que o plano visava, sim, manter Bolsonaro no poder por meio da prorrogação de mandatos e uma nova eleição sob controle militar. A “Operação 142”, citada na investigação, previa exatamente esse tipo de manobra, além de medidas para manter a estabilidade institucional após a execução do golpe.

Braga Netto, em nota, chamou de “tese absurda e fantasiosa” as alegações de que estaria envolvido em um "golpe dentro do golpe". A narrativa apresentada pela defesa de Bolsonaro, no entanto, entra em conflito com as evidências levantadas pela PF, incluindo documentos e mensagens que indicam discussões de alternativas jurídicas e medidas de exceção logo após a derrota eleitoral do ex-presidente.

Agora, cabe à Procuradoria-Geral da República decidir se apresenta uma denúncia formal com base no inquérito da PF. Caso isso ocorra, os indiciados poderão apresentar suas defesas antes que o Supremo Tribunal Federal (STF) analise a acusação. O desenrolar do caso poderá trazer implicações não só para Bolsonaro, mas também para outros membros do alto escalão de seu governo.