Publicado em 9 de julho de 2025 às 21:14
A tarifa de 50% que o governo americano promete cobrar dos produtos brasileiros a partir de 1º de agosto inviabiliza o comércio de manufaturas com os Estados Unidos, comenta José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).>
Ele diz que as empresas, numa primeira reação à medida, devem suspender vendas aos Estados Unidos, até que se tenha uma definição sobre a tarifas. Conforme Castro, agora é a hora de a diplomacia entrar em campo na tentativa de reversão.>
Apesar da agressividade da política comercial do governo Donald Trump, o anúncio desta quarta-feira (9), foi recebido com perplexidade. Ao invés de ficar no piso das tarifas (10%), como chegou a anunciar o presidente americano no dia do tarifaço, 2 de abril - o que na época, trouxe alívio a exportadores -, o Brasil vai pagar a taxa mais alta para entrar nos Estados Unidos, observa Castro.>
O presidente da AEB, uma associação de empresas que realizam comércio exterior, tanto exportações quanto importações, diz que esperava uma elevação da tarifa, mas para no máximo 20%. Os 50% estavam fora de cogitação. Além do impacto direto nos embarques aos EUA, a tarifa máxima transmite uma imagem negativa aos demais parceiros comerciais, avalia Castro. "Deixa a impressão de que o Brasil cometeu algo gravíssimo e que, por isso, está sendo penalizado. Na dúvida, ninguém vai querer fazer negócio com a gente. É um cenário que ultrapassa todos os limites.">
Segundo Castro, os produtos manufaturados, que já têm dificuldades para competir nos EUA, tornam-se praticamente inviáveis no mercado americano. Buscar novos destinos é a estratégia de todas as economias afetadas pelo tarifaço de Trump, mas no caso do Brasil, ressalta, essa possibilidade é dificultada pelos elevados custos de produção do País.>
Estadão Conteúdo >