Publicado em 19 de setembro de 2025 às 21:24
Energia renovável, mercado de carbono e preservação dos direitos humanos. Esses foram alguns temas debatidos durante a VII Conferência Internacional de Direito Ambiental realizada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Belém, nos dias 18 e 19 de setembro, reunindo advogados, juristas e estudantes para debater os principais desafios e soluções para a proteção ambiental, às vésperas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorrerá na capital em novembro.>
O evento, que teve palestras internacionais, posiciona a capital paraense como um centro de debates cruciais sobre sustentabilidade e clima. A programação começou na quinta-feira (18), com uma solenidade de abertura que teve a presença do vice-presidente da OAB Nacional, Felipe Sarmento; de toda a Diretoria da OAB-PA; do vice-presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA), Luiz Gonzaga Neto; do presidente da OAB-AP, Israel da Graça; e outras autoridades.>
Presidente da OAB-PA, Sávio Barreto refletiu sobre a relação entre advocacia e meio ambiente. “Nós temos a árdua missão de defender a sociedade, os direitos humanos, a moradia e a saúde, com limitações institucionais, inclusive orçamentárias. Mas a gente percebe que a maior dificuldade está ligada à natureza humana, porque tem o que divide as pessoas que são individualistas das pessoas que não são. E a questão ambiental e climática é mais desafiadora porque não basta você pensar no ombro, você tem que pensar no outro que ainda não está aqui”, comentou.>
Barreto, enquanto presidente da Seccional, disse que tem tentado definir o papel dessa liderança no sentido de contribuir de alguma forma para que a legislação seja construída e atualizada. Ele anunciou a criação de um Observatório do Financiamento Climático, com o objetivo de reunir pessoas capacitadas a respeito do assunto, colher denúncias e apresentar sugestões relacionadas ao direito ambiental.>
O vice-presidente da OAB Nacional, Felipe Sarmento, ressaltou a importância de incluir o tema ambiental no debate jurídico. Em nome do presidente do Conselho Federal, Beto Simonetti, ele afirmou: “O que se discute sobre rios, florestas e cidades não é assunto de nicho, é matéria de vida comum, de estabilidade institucional, de economia organizada sob a lei”, disse. “A advocacia é função indispensável à Justiça. E quando falamos de meio ambiente, esse mandato vem a corpo concreto”, completou Felipe Sarmento.>
No primeiro dia, duas importantes palestras foram ministradas: o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Herman Benjamin, abordou o direito ambiental e o direito das mudanças climáticas; e o advogado português Ludovino Lopes, com vasta atuação na área, destacou a evolução histórica do direito ambiental. Já no segundo dia da VII Conferência Internacional de Direito Ambiental o destaque foi a conferência magna do embaixador da Suíça, Hanspeter Mock.>
Painéis>
Ao todo, foram realizados quatro painéis com debates ambientais. O primeiro, “Licenciamento Ambiental e a Previsão de Condicionantes ESG e de Redução de Emissões de GEE”, foi presidido por Ana Cláudia Silva, membro da Comissão de Meio Ambiente da OAB-PA, e contou com falas de professores universitários e representantes do governo do Pará e da advocacia.>
O segundo painel teve o tema “O Mercado de Carbono e as Comunidades Tradicionais na Amazônia”, presidido por Rolf Eugen Erichsen, vice-presidente da Comissão da COP 30 da OAB-PA, e com palestras de advogados e especialistas em meio ambiente, sustentabilidade e crédito de carbono.>
Já o terceiro painel foi sobre os “Impactos dos Grandes Projetos ao Meio Ambiente: Perspectivas Positivas e Negativas”, com a mesa presidida por Ana Carolina Betzel, presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB-PA, e participação de professores, procurador e membros de outras Seccionais da OAB.>
Por fim, o painel “Dificuldades na Regularização Fundiária e seu Impacto na Regularização Ambiental no Brasil”, com a presidência da consultora jurídica de direito ambiental Luciana Fonseca, teve palestras de professores universitários, do procurador do Estado do Pará e presidente da Comissão de Direito Agrário da OAB-PA, Ibraim Rocha; e o vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente da Seccional, Johnny Giffoni.>
Cartilhas>
Foram lançados, durante o evento, dois documentos que vão nortear a atuação de advogados: a Cartilha Sobre Litigância Climática, coordenada pela Comissão de Meio Ambiente da OAB-PA, e o Guia Prático da COP para Advogados, pela Comissão OAB-PA na COP 30.>
A secretária-geral da Seccional, Eva Franco, mencionou que a programação do evento teve “infinitos tópicos de interesse para todas as pessoas que têm a Amazônia e o meio ambiente como necessidade de apreensão de normativas e políticas públicas voltadas para ir onde o direito é instrumentalidade, e nós esperamos que essa conferência traga para a região Norte, em um momento que teremos a COP 30, o melhor que se possa falar sobre uma temática tão acalorada”.>
Já a presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB-PA, Ana Carolina Betzel, ressaltou o orgulho de lançar a cartilha durante a conferência. O documento tem como objetivo democratizar o acesso ao ensino da matéria ambiental, de acordo com ela. “A cartilha vem justamente para conscientizar os advogados e, principalmente para que nós estejamos aptos e prontos a nos posicionarmos contra violações dos direitos humanos diante dos impactos das mudanças climáticas. A cartilha também tem o objetivo, mais do que nunca, de aproximar ao aberto da sociedade, de modo que a gente possa levar o acesso a esse conhecimento, formas de atuação e de conscientização, não só apenas para todos os advogados do Estado do Pará, mas também para toda a sociedade para isso.>
A conferência foi encerrada na noite desta sexta-feira (19), com uma mesa de honra composta pelo presidente da OAB-PA, Sávio Barreto, e o presidente da OAB-AP, Israel da Graça.>