Brasil elege jovens dos seis biomas do país para contribuir com a COP30

Iniciativa ressalta o protagonismo juvenil na pauta do clima, por meio de uma participação ativa, crítica e criativa.

Publicado em 25 de julho de 2025 às 08:53

O governo federal promove, até agosto, Plenárias de Juventudes nos seis biomas nacionais.
O governo federal promove, até agosto, Plenárias de Juventudes nos seis biomas nacionais. Crédito: Divulgação

As consequências da mudança do clima já são o presente, porém, os impactos mais críticos, caso os planos de adaptação e mitigação não forem encarados com a devida ambição e seriedade, serão sentidos no futuro. Impactos que já atingem e atingirão, com maiores implicações, as gerações mais jovens, que, em não raras vezes, são marginalizadas nos espaços de decisão sobre políticas climáticas.

Na busca por reequilibrar o eixo geracional de inserção nestes espaços, o governo federal promove, até agosto, Plenárias de Juventudes nos seis biomas nacionais, por meio da Secretaria-Geral da Presidência da República (SGPR), em parceria com o Conselho Nacional de Juventude (CNJ), a Campeã de Juventude da COP30, e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Os encontros visam aproximar as juventudes brasileiras da temática e dos processos da COP30 e eleger representações que participarão da Conferência, em Belém (PA). A iniciativa é uma realização da Secretaria Nacional de Juventude (SNJ). Na atual gestão do governo federal, a pasta voltou a estar atrelada à Presidência da República, na alçada da SGPR, retomando o destaque de proposição de atividades como esta.

O secretário nacional de Juventude, Ronald Sorriso, enfatizou que a ampliação do espaço para as novas gerações no tema do clima qualifica os debates ao valorizar uma participação ativa, crítica e criativa. Ele também frisou que a COP precisa ser vista para além de um evento, mas como processo para mudança de paradigmas. “Um ponto de fundamental importância é que as plenárias têm como objetivo atender uma demanda recorrente da juventude que é educação ambiental”, ressaltou.

O diretor de Articulação e Fomento de Programas e Projetos de Juventude da SNJ, Guilherme Barbosa, avalia que as duas primeiras etapas já realizadas demonstraram o acerto da iniciativa. De acordo com ele, as plenárias são fundamentais para a identificação das necessidades da população. "A SNJ aposta nesse processo porque reconhece que são os jovens — especialmente os de territórios historicamente negligenciados — que já enfrentam os efeitos das mudanças climáticas no dia a dia. Construir essas escutas é essencial para possibilitar a intervenção destes nas principais decisões climáticas do mundo, aproximando-as das demandas reais dos territórios", frisou.

"Construir essas escutas é essencial para possibilitar a intervenção destes nas principais decisões climáticas do mundo, aproximando-as das demandas reais dos territórios"

Guilherme Barbosa

diretor de Articulação e Fomento de Programas e Projetos de Juventude da SNJ

As plenárias são rodadas de formação, escuta e mobilização das juventudes da Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal, a fim de, a partir das realidades locais, aprofundar a conscientização sobre a temática ambiental e explorar propostas inovadoras para enfrentamento à mudança do clima. Os encontros também oportunizam aos participantes uma visita ao bioma preservado.

Em junho, na pré-COP, em Bonn, Alemanha, a pressão por maior reconhecimento do protagonismo juvenil, na busca por participação estruturada, financiamento e poder de decisão, antecipou a linha dos debates que agora balizam as plenárias.

Uma das maiores pesquisas de opinião sobre a agenda de clima já realizadas, ouvindo cerca de 1,2 milhão de pessoas de 50 nações, apontou que os mais jovens são aqueles que mais se preocupam com a emergência climática, em todos os países. Conduzido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) junto a Universidade de Oxford, o levantamento constatou o crescente engajamento da juventude na pauta ambiental.

A Jovem Campeã do Clima da COP30, Marcele Oliveira, de 26 anos, é retrato dessa realidade. Seu ativismo teve origem no reconhecimento do racismo ambiental presente em seu território. Hoje, ela tem por tarefa articular as juventudes globais rumo à COP30 em novembro. “No Brasil, as enchentes, secas, ondas de calor e desastres atingem de norte a sul, com maior impacto sempre para as comunidades periféricas e suas crianças e adolescentes. As plenárias de biomas são, nesse contexto, espaço de formação, e também de fortalecimento da atuação dessas juventudes, contribuindo diretamente com o Global Youth Statement”, destacou a jovem, em referência à importância desta iniciativa, na qual ela também está envolvida.

Na primeira quinzena de julho foram realizadas as etapas do Cerrado, em Luziânia (GO), e do Pampa, em Pelotas (RS). Os eventos, somados, reuniram cerca de 300 pessoas.

Conheça os jovens já eleitos

Bioma CERRADO

  • Daniel Ildefonso, de 19 anos, de Brasília (DF), estudante de Gestão de Políticas Públicas na Universidade de Brasília (UNB), diretor do Centro Acadêmico do curso;
  • Lorena Mathyê, de 16 anos, de Luziânia (GO), estudante do 2º ano do Ensino Médio, integrante do Grêmio Estudantil do Instituto Federal de Goiás.

Bioma PAMPA

  • Paula Hann, de 21 anos, de Pelotas (RS), estudante de Relações Internacionais na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), pesquisadora de política externa, com foco em Diplomacia Pública;
  • Victor Salama, de 17 anos, de Pelotas (RS), estudante do 2º ano do Ensino Médio, integrante de um povo tradicional de matriz africana. Ele também foi mantenedor do território Casa da Árvore, espaço autogestionado com bases na economia solidária.

Confira as cidades e datas dos próximos encontros:

  • CAATINGA ⁕ 28 e 29 de julho, em Caruaru–PE — Secretaria Municipal de Educação, Avenida Cícero José Dutra, SN
  • MATA ATLÂNTICA ⁕ 4 e 5 de agosto, em Belo Horizonte–MG — Centro de Referência das Juventudes, Rua Guaicurus, n.º 50
  • PANTANAL ⁕ 7 e 8 de agosto, em Campo Grande–MS — No 1º dia, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Complexo R. UFMS, n.º 715. No 2º dia, no Bioparque Pantanal, Avenida Afonso Pena, n.º 6277.
  • AMAZÔNIA ⁕ 19 e 20 de agosto, em Macapá–AP — local a definir.