Publicado em 21 de novembro de 2025 às 13:59
A presença da COP em Belém tem provocado um impacto que vai além das salas de negociação. Para muitos participantes internacionais, a capital paraense se tornou um retrato vivo da crise climática, e isso tem influenciado o tom das discussões, a percepção sobre a Amazônia e o entendimento do que está em jogo.>
João Pedro, historiador e criador da página @opbarbarussa, participou do evento como influenciador convidado pelo TikTok e resume o sentimento de quem vive a cidade e entende seu papel neste momento histórico: Mudança climática não é conceito. É experiência diária>
Calor extremo e chuvas intensas: a crise sentida na pele>
Belém tem enfrentado temperaturas cada vez mais altas, com projeções que chegam a 4°C acima da média, um aumento muito mais acelerado do que o global. Para João Pedro, esse impacto imediato ajuda os representantes internacionais a entender o que significa viver em uma região vulnerável.>
“Eles saem para almoçar e sentem o calor sufocante, enfrentam as chuvas pesadas. Não é um gráfico ou relatório. É realidade. Isso muda a perspectiva de qualquer autoridade”, afirma.>
O contato direto com esse cenário, segundo ele, transforma a COP em uma experiência concreta, afastando a ideia de que a crise climática é algo distante ou abstrato.>
Povos originários deixam de ser símbolo e se tornam protagonistas>
Outro impacto da COP em Belém é a forte presença dos povos indígenas no cotidiano da cidade. Para João Pedro, isso quebra a visão exotizada muitas vezes reproduzida em eventos internacionais.>
Em vez de apresentações formais ou rituais isolados, os líderes e representantes internacionais encontram indígenas nas ruas, nos restaurantes e nos espaços públicos — convivendo, como qualquer cidadão.>
“Aqui, eles não são uma ‘atração’. São protagonistas. E isso faz com que os participantes entendam quem são as pessoas diretamente afetadas pelas decisões que eles tomam”, explica.>
Pressão popular transforma clima político da conferência>
Belém também chama atenção pela mobilização da população, mesmo entre pessoas que não se identificam como ativistas. A sensação de urgência climática está presente no dia a dia, nas conversas, nas críticas e no acompanhamento do que a COP está decidindo.>
Para João Pedro, essa participação é um dos grandes legados da cidade:>
“Belém sempre teve uma tradição forte de mobilização. Aqui, a COP não é um evento de elites. A população observa, pressiona, cobra. Isso muda o ambiente político.”>
A aproximação entre sociedade civil e negociadores tem ampliado a cobrança por acordos mais ambiciosos e transparentes.>
Um legado que transcende a conferência>
Belém, com sua história de resistência e sua localização estratégica no coração da Amazônia, transforma a COP em algo mais profundo: um encontro entre realidades e responsabilidades.>
Para João Pedro, o legado maior não está apenas nos acordos, mas na mudança de mentalidade:>
“Belém lembra ao mundo que a crise climática atinge pessoas reais todos os dias. E que a luta precisa começar nas comunidades mais vulneráveis.”>
A COP em Belém, além de ser um marco político, deixa uma mensagem clara: a ação climática precisa ser inclusiva, conectada ao território e orientada pelas vozes de quem vive a crise na linha de frente.>