Fafá de Belém é anunciada como curadora cultural da Casa Brasil, projeto que ocupará espaço de destaque durante a COP 30 em Belém

Iniciativa lançada em São Paulo terá programação imersiva e multitemática com vozes da Amazônia no centro das narrativas culturais da conferência.

Publicado em 18 de junho de 2025 às 21:11

(Cantora e atriz paraense, Fafá de Belém)
(Cantora e atriz paraense, Fafá de Belém) Crédito: Divulgação 

A cantora e atriz Fafá de Belém foi anunciada como uma das curadoras da Casa Brasil, projeto lançado nesta terça-feira (17), em São Paulo, que propõe um espaço de experiências, encontros e programação cultural durante a COP 30, em Belém. Idealizada pelo Gael Grupo, a Casa Brasil nasce como uma plataforma de visibilidade e conexão — cruzando arte, ciência, ancestralidade e conhecimento contemporâneo a partir de uma curadoria diversa, construída por múltiplos agentes da sociedade civil.

Com 50 anos de carreira dedicados à valorização da cultura amazônica, Fafá assume a curadoria cultural com o objetivo de garantir presença e protagonismo às vozes da floresta. Durante o evento de apresentação, a artista defendeu o papel ativo dos povos amazônicos na construção de soluções globais para a crise climática.

“A Amazônia não está aqui para ser alegoria. Não viemos decorar plenárias. Somos um povo potente, uma cultura fabulosa — e é com essa força que vamos mostrar ao mundo que o futuro da Amazônia é agora”, afirmou.

Fafá reforçou que sua participação se ancora em uma trajetória coletiva e que sua presença na curadoria tem como missão abrir espaço para outras vozes amazônicas. “O protagonismo não é meu, como nunca foi. É dos coletivos ribeirinhos, das mulheres que resistem, dos jovens, dos artistas e dos pensadores que vivem a Amazônia todos os dias. Quero ser canal de luz para essas vozes que ainda não ocupam os espaços de decisão”, destacou.

A artista também relembrou a criação da Varanda de Nazaré, projeto que completa 15 anos em 2025 e que foi responsável por ampliar a visibilidade da cultura paraense durante o Círio de Nazaré — maior manifestação católica do mundo, que reúne cerca de três milhões de pessoas nas ruas de Belém.

“Quando criamos a Varanda, era para mostrar que temos fé, sim, mas também cultura, música e pensamento. Nenhum paraense viaja sem levar farinha. Nós levamos o Pará com a gente. E é isso que quero fazer agora: levar a Amazônia inteira para o centro da conversa global”, disse.

Ao criticar a invisibilidade de representantes amazônicos em debates internacionais, Fafá destacou a urgência de incorporar vozes do território nas decisões sobre o clima e o futuro da floresta. “Participei de um evento fora do Brasil sobre a Amazônia e não havia um pensador paraense sequer. Como é possível discutir o futuro da floresta sem escutar quem vive nela?”, questionou.

Ela também ressaltou a importância de aproximar academia e território na construção de soluções reais. “Quando quem pesquisa a Amazônia se une a quem vive a Amazônia, o resultado pode ser poderoso”, pontuou.

A Casa Brasil foi concebida como uma plataforma de experiências imersivas durante a conferência, com transmissões online, rodas de conversa, apresentações artísticas e intervenções sensoriais. A programação será estruturada a partir de dez eixos temáticos inspirados nos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), em diálogo com as transições globais que estarão em debate na COP 30. A curadoria está sendo construída de forma colaborativa e plural, com participação de nomes como a ativista ambiental Fê Cortês e representantes de diferentes territórios e saberes.

A programação completa da Casa Brasil será divulgada nos próximos meses.