Publicado em 7 de novembro de 2025 às 09:46
Na COP-30, negociadores dos Estados-Partes vão discutir a adoção de um novo Plano de Ação de Gênero (GAP), instrumento global que orienta a integração da perspectiva de gênero em todas as áreas da governança climática, da mitigação e adaptação ao financiamento, tecnologia e capacitação. Diante de um cenário em que os impactos da crise climática se agravam e os direitos das mulheres enfrentam resistência, a ONU Mulheres alerta que um GAP forte, inclusivo e transformador é fundamental para garantir justiça climática e a efetividade do Acordo de Paris.>
Além disso, a ONU Mulheres lança, em parceria com o Instituto Kaschak, o Gender Equality and Climate Policy Scorecard, uma nova ferramenta global que mede o grau de integração de gênero nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) apresentadas pelos países. O Scorecard oferece evidências inéditas sobre como governos estão incorporando a igualdade de gênero em suas políticas climáticas e aponta caminhos para acelerar a ação e a responsabilização.>
Cumprindo também sua vocação de mobilizar a sociedade civil e os movimentos feministas, a ONU Mulheres vem apoiando a participação dessas lideranças em todo o processo preparatório e durante a COP 30, fortalecendo a incidência política das mulheres nas negociações e nas soluções climáticas.>
GAP – O Plano de Ação de Gênero>
Adotado pela primeira vez em 2017 e renovado em 2019, o Plano de Ação de Gênero (GAP) é o principal marco da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) para promover a igualdade de gênero na ação climática. Na COP 30, os países discutirão a adoção de uma nova versão do Plano, que definirá diretrizes e compromissos para a próxima década. O novo GAP deverá fortalecer a integração de gênero em políticas e mecanismos de financiamento, consolidar dados e indicadores desagregados e garantir a participação efetiva das mulheres em todos os níveis de tomada de decisão.>
A ONU Mulheres defende que um GAP robusto deve ser transformador, inclusivo e operacional, com recursos financeiros e mecanismos de responsabilização claros. O documento deve reconhecer a contribuição das mulheres e meninas em toda a sua diversidade, incluindo indígenas, quilombolas, trabalhadoras rurais e defensoras ambientais, e responder às desigualdades estruturais que as tornam mais vulneráveis aos impactos da crise climática. Um GAP forte é mais do que uma questão de justiça: é uma condição estratégica para a eficácia e a sustentabilidade da ação climática global.>
Uma metodologia para avaliar metas de emissão>
Como contribuição técnica ao debate, a ONU Mulheres e o Kaschak Institute lançam durante a COP 30 o Gender Equality and Climate Policy Scorecard, metodologia pioneira que avalia o grau de integração da igualdade de gênero nas políticas climáticas nacionais. A primeira edição analisa 32 Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) apresentadas até setembro de 2025, identificando avanços e lacunas em seis dimensões: segurança econômica, trabalho de cuidado não remunerado, saúde, violência de gênero, participação e liderança, e transversalização de gênero.>
Os resultados iniciais mostram que, embora a maioria dos países reconheça as vulnerabilidades das mulheres diante das mudanças climáticas, poucos adotam uma abordagem abrangente para garantir sua liderança e participação. Compromissos sobre gênero estão concentrados em adaptação e medidas transversais, enquanto áreas como mitigação e perdas e danos ainda carecem de atenção. O Scorecard reforça a urgência de ampliar investimentos e de incluir dados, orçamentos e mecanismos de monitoramento com recorte de gênero, de modo que os compromissos assumidos nas NDCs se traduzam em políticas públicas concretas.>
Sociedade civil busca impedir retrocessos>
A participação dos movimentos de mulheres e das organizações da sociedade civil é decisiva para garantir que as negociações climáticas reflitam as realidades e prioridades das comunidades mais afetadas. Em um contexto global de crescente polarização e resistência a direitos humanos, o engajamento da sociedade civil atua como salvaguarda contra retrocessos e garante que a transição ecológica seja justa e inclusiva.>
Na preparação e durante a COP 30, a ONU Mulheres tem apoiado redes feministas, organizações de base e defensoras ambientais a participarem ativamente das negociações, capacitando e conectando vozes que historicamente ficaram à margem dos processos decisórios. Esse engajamento coletivo amplia o alcance das soluções, fortalece a transparência e assegura que o futuro climático seja desenhado com e para todas as mulheres e meninas.>