Publicado em 18 de novembro de 2025 às 14:31
A disputa entre Turquia e Austrália pela sede da COP31 criou um cenário inusitado nos bastidores da diplomacia climática: o Brasil pode permanecer por mais um ano na presidência do processo global de negociações sobre o clima. A indefinição entre os dois países abriu espaço para que a conferência seja transferida automaticamente para a Alemanha e, com isso, para a manutenção da liderança brasileira.>
Pelas regras da Convenção-Quadro da ONU para o Clima (UNFCCC), cada região deve escolher o país anfitrião da conferência. No entanto, Austrália e Turquia, que disputam a vez no próximo ciclo, não chegaram a um consenso sobre quem deverá receber o encontro. Como a escolha precisa ser confirmada até o fim da COP30, em Belém, no próximo sábado (22), a ausência de acordo empurra a realização da COP31 para o país sede da UNFCCC: a Alemanha.>
Atualmente, o Brasil exerce a presidência da COP por meio do embaixador André Corrêa do Lago, com mandato previsto até 2026. Mas, se a disputa seguir travada, essa liderança deve se prolongar até 2027. Bonn, inicialmente cotada para receber o evento, informou que não possui estrutura para comportar uma conferência do porte da COP. Com isso, Berlim passou a ser vista como a alternativa mais viável.>
O impasse é alimentado por tensões políticas. A Turquia conta com o apoio de países árabes e da Rússia para sediar a conferência, enquanto a Austrália enfrenta resistência dentro do bloco por causa das sanções impostas a Moscou após a invasão da Ucrânia. Os australianos sugerem Canberra ou Ancara; os turcos, Antalya. Nenhum dos dois lados, porém, demonstra disposição para abrir mão da candidatura.>
Se o impasse persistir, o comando brasileiro nas negociações climáticas internacionais será inevitavelmente estendido, projetando o país ainda mais no centro da diplomacia ambiental global.>