Sem acordo para sede da COP31, Brasil pode manter liderança global do clima até 2027; entenda

Pelas regras da Convenção-Quadro da ONU para o Clima (UNFCCC), cada região deve escolher o país anfitrião da conferência

Publicado em 18 de novembro de 2025 às 14:31

Presidente da COP30, André Corrêa do Lago, a CEO da COP30, Ana Toni e Liliam Chagas, Diretora de Clima do Ministério das Relações Exteriores, participam de entrevista coletiva durante a 30ª Conferência das Partes (COP30)
Presidente da COP30, André Corrêa do Lago, a CEO da COP30, Ana Toni e Liliam Chagas, Diretora de Clima do Ministério das Relações Exteriores, participam de entrevista coletiva durante a 30ª Conferência das Partes (COP30) Crédito: Antonio Scorza/COP30

A disputa entre Turquia e Austrália pela sede da COP31 criou um cenário inusitado nos bastidores da diplomacia climática: o Brasil pode permanecer por mais um ano na presidência do processo global de negociações sobre o clima. A indefinição entre os dois países abriu espaço para que a conferência seja transferida automaticamente para a Alemanha  e, com isso, para a manutenção da liderança brasileira.

Pelas regras da Convenção-Quadro da ONU para o Clima (UNFCCC), cada região deve escolher o país anfitrião da conferência. No entanto, Austrália e Turquia, que disputam a vez no próximo ciclo, não chegaram a um consenso sobre quem deverá receber o encontro. Como a escolha precisa ser confirmada até o fim da COP30, em Belém, no próximo sábado (22), a ausência de acordo empurra a realização da COP31 para o país sede da UNFCCC: a Alemanha.

Atualmente, o Brasil exerce a presidência da COP por meio do embaixador André Corrêa do Lago, com mandato previsto até 2026. Mas, se a disputa seguir travada, essa liderança deve se prolongar até 2027. Bonn, inicialmente cotada para receber o evento, informou que não possui estrutura para comportar uma conferência do porte da COP. Com isso, Berlim passou a ser vista como a alternativa mais viável.

O impasse é alimentado por tensões políticas. A Turquia conta com o apoio de países árabes e da Rússia para sediar a conferência, enquanto a Austrália enfrenta resistência dentro do bloco por causa das sanções impostas a Moscou após a invasão da Ucrânia. Os australianos sugerem Canberra ou Ancara; os turcos, Antalya. Nenhum dos dois lados, porém, demonstra disposição para abrir mão da candidatura.

Se o impasse persistir, o comando brasileiro nas negociações climáticas internacionais será inevitavelmente estendido, projetando o país ainda mais no centro da diplomacia ambiental global.