Publicado em 16 de outubro de 2025 às 13:52
Um caso raro chamou a atenção da comunidade médica: um paciente do Sistema Único de Saúde (SUS) descobriu que o fígado recebido em um transplante tinha câncer.>
A cirurgia foi realizada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, por meio do Programa Proadi-SUS, que conecta hospitais de referência a pacientes da rede pública.>
Geraldo Vaz Junior, de 58 anos, foi diagnosticado com hepatite C em 2010 e, anos depois, desenvolveu cirrose hepática, o que o colocou na fila de transplantes.>
Em julho de 2023, ele finalmente recebeu o novo órgão. A cirurgia correu bem, mas sete meses depois exames apontaram nódulos suspeitos no fígado transplantado.>
De acordo com documentos obtidos pelo g1, uma biópsia confirmou a presença de adenocarcinoma, um tipo de tumor maligno. Um teste de DNA revelou que as células cancerígenas não pertenciam ao paciente, mas sim ao doador do órgão, o que confirma que o câncer foi transmitido pelo transplante.>
“Foi devastador. Meu marido recebeu um órgão com câncer. Esperamos anos por essa chance, mas ele saiu de lá mais doente”, disse Maria Helena Vaz, esposa do paciente.>
Após a descoberta, Geraldo passou por um novo transplante, mas o câncer já havia se espalhado para o pulmão. Hoje, segundo a família, ele está em tratamento paliativo, sem possibilidade de cura.>
O Hospital Albert Einstein foi procurado, mas não se manifestou até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para posicionamento.>
Transplante com câncer: risco quase impossível de prever>
Segundo o Manual de Transplantes (2022), do Ministério da Saúde, pacientes com câncer ativo não podem ser doadores de órgãos.>
Antes da doação, é feita uma triagem rigorosa para descartar infecções e tumores — o processo inclui:>
• Exames sorológicos, como HIV, hepatites, sífilis e citomegalovírus;>
• Testes laboratoriais de função dos órgãos, como creatinina e enzimas hepáticas;>
• Exames de imagem, como ultrassonografia ou tomografia, se houver suspeita de neoplasia;>
• E avaliação visual direta do órgão durante a captação.>
Caso exista qualquer suspeita de tumor, o órgão é imediatamente descartado.>
No entanto, o próprio manual admite que nenhum método é totalmente infalível: células malignas microscópicas podem passar despercebidas mesmo em análises detalhadas.>
Casos como o de Geraldo são descritos na literatura médica como “extremamente raros” e praticamente impossíveis de prever.>
Com informações do G1 >