Para prevenir Doença de Chagas, MPPA recomenda regularização sanitária do açaí em Cametá

A medida decorre de irregularidades identificadas na comercialização do fruto na região.

Publicado em 14 de junho de 2025 às 10:27

(A medida do Ministério Público do Estado do Pará decorre de indícios de irregularidades identificadas na comercialização do fruto na região.)
(A medida do Ministério Público do Estado do Pará decorre de indícios de irregularidades identificadas na comercialização do fruto na região.) Crédito: Divulgação 

O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), por meio do promotor de Justiça titular da 1ª Promotoria de Justiça de Cametá, Gerson Alberto de França, e da promotora de Justiça Érica Almeida de Sousa, coordenadora do Núcleo do Consumidor (NUCON), expediu uma recomendação administrativa com foco na regularização sanitária da cadeia produtiva do açaí no município.

A medida decorre de irregularidades identificadas na comercialização do fruto na região, como a ausência de licença sanitária, más condições de higiene e o descumprimento do Decreto Estadual nº 326/2012, fatores que configuram risco de contaminação alimentar e ameaça à saúde pública.

A recomendação está inserida em procedimento administrativo instaurado para acompanhar a atuação do departamento de vigilância sanitária do município. A preocupação se agrava diante dos registros da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) sobre o aumento de casos de Doença de Chagas por via oral, especialmente na região metropolitana de Belém e em outros municípios do Estado.

Requisitos sanitários e controle da cadeia produtiva

O MPPA destaca a urgência de estabelecer padrões higiênico-sanitários para todas as etapas do açaí, desde a colheita até o consumo final, como forma de prevenir Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs) e garantir a segurança alimentar da população. Também aponta a importância do mapeamento das áreas produtoras como estratégia para políticas públicas, controle fitossanitário e monitoramento dos ciclos de safra.

Entre os desafios enfrentados atualmente estão o transporte inadequado e a falta de documentação, como a Guia de Trânsito Vegetal (GTV), o que compromete a qualidade dos frutos e coloca em risco a saúde dos consumidores.

Medidas recomendadas à Prefeitura de Cametá

A recomendação foi encaminhada à Prefeitura de Cametá, por meio da Secretaria de Agricultura, Desenvolvimento Rural ou órgão competente, com orientação para atuar em cooperação com a Agência de Defesa Agropecuária do Pará (ADEPARÁ). Entre as medidas que devem ser adotadas de forma imediata, estão a criação de programa permanente de cadastro de produtores, extrativistas e manipuladores de açaí, com emissão de GTV, conforme Portaria ADEPARÁ nº 2.789/2020; e a instalação de pontos de atendimento fixos ou itinerantes para facilitar o cadastramento dos produtores locais, inclusive aqueles situados em regiões de difícil acesso ou pertencentes à agricultura familiar.

Também foram determinadas na recomendação a criação de campanhas educativas regulares sobre boas práticas na colheita, manipulação e transporte do açaí, destacando a importância da rastreabilidade e os riscos sanitários da produção sem controle; a articulação com associações, cooperativas e lideranças comunitárias para garantir a inclusão da agricultura familiar no sistema de defesa agropecuária; o monitoramento dos ciclos sazonais do açaí, levantamento de safras e controle do fluxo intermunicipal e interestadual de transporte do fruto; e a elaboração e envio mensal de relatórios ao MPPA, com dados sobre produtores cadastrados, GTVs emitidas, ações educativas e sanitárias realizadas.

O MPPA alerta que o não cumprimento da recomendação poderá resultar na abertura de inquérito civil e eventual ação judicial, seja na esfera cível ou criminal. As medidas têm caráter de urgência e envolvem interesse direto da saúde pública e ambiental.

Com informações do Ministério Público do Estado