Vídeo: diretor da PF fala da abordagem de policiais federais que resultou em morte de rapaz

Ele disse que houve um policial agredido, que levou um soco no rosto, e a tentativa de se tomar a arma de outro agente.

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Silmara Lima

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Publicado em 10 de outubro de 2025 às 12:31

Diretor da PF se posiciona sobre a morte de filho de escrivã da PC em Belém.
Diretor da PF se posiciona sobre a morte de filho de escrivã da PC em Belém. Crédito: Roma News

Na manhã desta sexta-feira (10), o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, se posicionou sobre a morte de Marcello Victor Carvalho de Araújo, de 24 anos, morto na quarta-feira (8), durante uma operação da PF, que investiga tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. 

Durante a entrevista, Andrei lamentou o ocorrido, relatando que foi um desfecho nunca esperado pela Polícia Federal. “Nós realizamos, em média, mais de 3 mil operações por ano, e esses incidentes, felizmente, são raros. Ainda assim, precisamos lamentar todo e qualquer episódio que leve uma pessoa — seja investigada ou não — a óbito. Isso precisa ficar muito claro”, disse.

Andrei informou que a ação ocorreu absolutamente dentro do sistema de Justiça Criminal, a partir do cumprimento de um mandado de prisão contra o principal alvo de uma investigação da Polícia Federal, mandado esse expedido pela Justiça Federal. A equipe cumpriu o mandado de busca e apreensão na residência desse investigado e também o mandado de prisão.

“Estranhamente, naquela noite, o investigado não foi para a sua residência, mas para a casa de uma terceira pessoa. Nossa equipe identificou isso e, na manhã seguinte, deu cumprimento ao mandado no local onde o verdadeiro alvo da operação estava. Reforço que não houve nenhum equívoco de endereço ou de pessoa — nós fomos cumprir o mandado de prisão no local onde o alvo se encontrava”, explicou.

Em seu relato, o diretor informou ser importante ressaltar, que tratava-se de um alvo de alta periculosidade e de altíssimo risco. Por isso, a equipe tática foi designada para realizar a operação, justamente para evitar e reduzir danos.

“A equipe cumpriu o mandado de prisão, mas, infelizmente, houve uma reação de um morador da residência, que agrediu violentamente um policial — ele foi levado ao hospital e passou por exame de corpo de delito —, além de tentar tomar a arma de outro agente. Nesse momento, a equipe precisou agir, e, infelizmente, essa atuação resultou no óbito desse cidadão”, pontuou.

A família e testemunhas contestam essa versão, dizendo que o jovem estava dormindo, que a porta foi arrombada e que não houve reação que justificasse disparos. A família alega, ainda, que o Marcelo estava desarmado, que havia acabado de acordar e que eram cerca de nove policiais, portanto ele não teria como reagir contra todos, porém, o diretor disse que houve um policial agredido, que levou um soco no rosto, e a tentativa de se tomar a arma de outro agente.

“Se essa arma tivesse sido tomada, o dano poderia ter sido muito maior. Mas não estou aqui para pré-julgar ninguém. Quem vai determinar o que de fato ocorreu será a investigação: o inquérito policial, as perícias, os testemunhos e os depoimentos. Já há imagens circulando nas redes sociais, e tudo isso fará parte da apuração, que esclarecerá cabalmente o que aconteceu nesse episódio que lamentamos profundamente”, disse.

A Corregedoria da PF abriu procedimento interno para apurar condutas dos agentes envolvidos. Segundo o diretor, as armas usadas na operação foram apreendidas, e será feita uma perícia balística. Todas as pessoas envolvidas estão sendo ouvidas, e, sob o controle do Ministério Público e o crivo do Poder Judiciário, será esclarecido cabalmente todo esse episódio.

“Como praxe, e até por zelo com o nosso material humano, procuramos preservar esses policiais. A ação relatada foi legítima, e os detalhes ficarão esclarecidos no inquérito policial. Não houve, até o momento, nenhuma medida judicial contra os agentes envolvidos. O que existe é a apreensão do armamento utilizado para perícia, e os policiais permanecerão temporariamente afastados de operações dessa natureza — tanto por precaução quanto por apoio psicológico e institucional, finalizou.