Carros, relógios de luxo e patrimônio milionário: irmãos políticos João Coelho e Adriano Coelho chamam atenção por suspeitas de enriquecimento

O caso do vereador de Belém, João Coelho (PDT), chama ainda mais atenção após ter um enriquecimento de R$ 30 milhões em 4 anos.

Publicado em 16 de julho de 2025 às 16:42

 - Atualizado há 2 dias

Vereador João Coelho (PDT) e Deputado Estadual Adriano Coelho (PDT).
Vereador João Coelho (PDT) e Deputado Estadual Adriano Coelho (PDT). Crédito: Reprodução/ Instagram @ver.joaocoelho

Os olhares de muitos estão prestes a se voltar para a Câmara Municipal de Belém (CMB) e para um gabinete específico na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa). As estrelas, dois políticos e irmãos, o vereador de Belém, João Coelho (PDT) e o deputado estadual Adriano Coelho (PDT), que estariam chamando atenção de órgãos competentes sobre o enriquecimento desproporcional.

Apesar do parentesco, os irmãos Coelho não têm um histórico de familiares na política, mas o que chama atenção é a ostentação de bens valiosos por parte dos dois, que apesar de jovens acumulam um patrimônio milionário, com salários de vereador e deputado.

Em publicações nas redes sociais os irmãos políticos compartilham fotos nos seus gabinetes. Em várias delas, tanto João quanto Adriano, ostentam relógios de luxo.

O relógio no qual o vereador João Coelho aparece usando nesta foto, por exemplo, é um Patek Philippe Nautilus, uma jóia suíça em ouro branco, avaliada em mais de R$1,5 milhão.

O vereador João Coelho aparece usando relógio avaliado em mais de R$1,5 milhão.
O vereador João Coelho aparece usando relógio avaliado em mais de R$1,5 milhão. Crédito: Reprodução/ Instagram @ver.joaocoelho
Patek Philippe Nautilus, joia suíça em ouro branco, avaliada em mais de R$1,5 milhão.
Patek Philippe Nautilus, joia suíça em ouro branco, avaliada em mais de R$1,5 milhão. Crédito: Divulgação/ Patek Philippe

Nesta outra, o vereador aparece com outro Patek Philippe Nautilus, desta vez em ouro rosê. O irmão dele, o deputado Adriano Coelho, usa um Audemars Piguet Royal Oak, também em ouro rose, avaliado em cerca de R$ 530 mil. São quase R$ 2 milhões em joias.

Vereador João Coelho (PDT) e Deputado Estadual Adriano Coelho (PDT).
Vereador João Coelho (PDT) e Deputado Estadual Adriano Coelho (PDT). Crédito: Reprodução/ Instagram @ver.joaocoelho

A última aquisição da coleção de relógios de luxo de João Coelho foi um modelo da marca Richard Miller, avaliado em cerca de R$ 2,5 milhões.

Além dos relógios, uma Ferrari 812 de R$ 6 milhões, inclusive a única no Pará, e um jato executivo Cessna Citation CJ4, avaliado em mais de R$ 40 milhões, estão entre os bens ostentados pelo vereador e o irmão deputado.

Patrimônio milionário

João Paulo Albuquerque Coelho, de 25 anos, voltou à Câmara Municipal após ser eleito vereador nas eleições municipais de 2024. No início do ano passado, João teve o mandato, adquirido em 2020, cassado por fraude na cota de gênero, mas não se afastou da vida política, voltando para o cargo em 2025.

Na declaração de bens totais ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ele informou o valor de R$ 32.121.544, 25. Entre os bens patrimoniais listados, na época, estão letras de créditos de mais de R$ 28 milhões e três veículos que variam de R$279 mil a R$ 495 mil. Esse fato chama atenção por causa do aumento milionário na receita do jovem vereador que em 2020, declarou um patrimônio de pouco mais de R$ 2,4 milhões, uma bagatela de diferença de R$ 30 milhões.

Na mira das autoridades e da imprensa

Em maio deste ano, a coluna RM Informa, veiculada no Portal Roma News, soltou uma nota sobre a ostentação do vereador que vem chamando atenção.

“Algum cidadão Paraense conseguiria justificar como um jovem vereador de Belém consegue utilizar um relógio de mais de um milhão no pulso, e uma Ferrari novinha avaliada em mais de 6 milhões reais, a única no Pará e muito limitada no Brasil, a redação do Roma News fez as contas e seria necessário 30 anos de mandato para realizar o feito (sem gastar com nada), exceto caso o vereador tire um coelho da cartola, será difícil explicar para as autoridades o que parece inexplicável, órgãos competentes estão de olho!”, diz a nota veiculada no RM Informa.

Movimentação financeira

Segundo o site Nota Pública, fontes ligadas à investigação afirmaram que os valores movimentados pelo vereador, ultrapassam as somas de sua renda oficial em contas pessoais e de empresas familiares, que segundo investigações preliminares, teriam contratos públicos e parcerias com fornecedores da Câmara de Belém.

As empresas são a J. R. Limpeza e Conservação, de Adryane Albuquerque Coelho, a Marco Coelho Serviços Ltda, conhecida como Service Aliança Pará, de Marco Antonio de Sousa Coelho; e a Lastro Projetos e Construções, registrada no nome de Diane Helena Morais Albuquerque Coelho; irmã, pai e mãe do vereador João Coelho e do deputado Adriano Coelho.

Uma outra denúncia veiculado pelo site o Antagônico, aponta que a JR Limpeza, que tem um capital social R$ 770 mil reais, ganhou a licitação de R$ 40 milhões de reais para os serviços de capina das escolas da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), e que a empresa Marco Coelho, do ramo de agentes de portarias, fechou dois super contratos que juntos somam, nada mais nada menos, do que cerca de R$150 milhões.

O Roma News entrou em contato com as defesas do vereador e do deputado. Segundo a defesa, não há nenhuma investigação em andamento contra os irmãos políticos, e cita a cassação de João Coelho, ocorrida em 2020, relacionada à época à cota de gênero do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), onde foi considerada extinta.

Leia a nota na íntegra:            

"Conforme noticiado pelo Roma News, pairam sobre os irmãos João Coelho e Adriano Coelho alegações de suspeitas de enriquecimento ilícito e supostas investigações da Receita Federal e do Ministério Público. Contudo, cumpre esclarecer que, em consulta realizada, não se verificou a existência de qualquer investigação em curso contra os referidos, seja na esfera do Ministério Público, seja na Receita Federal. Importante ressaltar que o Art. 47 do Código de Processo Penal estabelece a prerrogativa do Ministério Público de requisitar diretamente de quaisquer autoridades ou funcionários os esclarecimentos, documentos complementares ou novos elementos de convicção que julgar necessários para a investigação, o que reforça a necessidade de transparência e acesso à informação para afastar qualquer dúvida.

A ausência de registros de investigações em nome de João Coelho e Adriano Coelho descaracteriza a veracidade das informações veiculadas, enfraquecendo o substrato fático que embasa as alegações de enriquecimento ilícito.

Ademais, a cassação do mandato do vereador João Coelho, relacionada à época à cota de gênero do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), inclusive extinto, posteriormente candidato em 2024 pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), sendo eleito e um dos vereadores mais votados, não configura, isoladamente, indício suficiente de ilicitude para sustentar as alegações de enriquecimento ilícito.

Diante do exposto, e considerando a inexistência de investigações em curso contra Adriano Coelho e seu irmão João Coelho, bem como a fragilidade das alegações apresentadas, que exigem a indicação precisa dos elementos que configuram os atos de improbidade, e a presunção de inocência garantida constitucionalmente, reitera-se a necessidade de provas concretas e irrefutáveis.

Por fim, qualquer imputação sem elementos de provas pode gerar responsabilização tanto na esfera criminal quanto na esfera cível. A responsabilização por denunciação caluniosa, conforme o art. 326-A do Código Eleitoral, pode ser aplicada a quem, com finalidade eleitoral, instaura investigação policial, processo judicial, investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa, atribuindo a alguém a prática de crime ou ato infracional de que sabe ser inocente".