Publicado em 17 de setembro de 2025 às 09:51
A Petrobras deu um passo inédito em direção à descarbonização do setor aéreo. Na primeira semana de setembro, a Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos (SP), produziu pela primeira vez combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) a partir do coprocessamento de óleo vegetal misturado às correntes tradicionais de petróleo. O teste alcançou até 1,2% de conteúdo renovável no produto final, consolidando uma rota tecnológica considerada de baixo investimento, por aproveitar a estrutura já existente nas refinarias.>
O que é o SAF e por que importa>
O SAF pode substituir diretamente o querosene de aviação (QAV) convencional sem necessidade de adaptações em aeronaves ou infraestrutura aeroportuária. A tecnologia é vista como solução prática e imediata para reduzir emissões de gases de efeito estufa no setor aéreo, responsável por cerca de 2% das emissões globais. Segundo especialistas, cada ponto percentual incorporado ao combustível representa uma contribuição relevante para o cumprimento de metas climáticas internacionais.>
Exigência regulatória a partir de 2027>
A produção de SAF pela Petrobras ocorre em um momento estratégico. A Lei do Combustível do Futuro, já aprovada, determina que, a partir de 2027, companhias aéreas no Brasil terão de utilizar obrigatoriamente combustíveis com conteúdo renovável. Além disso, o país precisa atender às exigências do CORSIA (Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation), programa da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) voltado à redução e compensação das emissões do setor.>
Para o gerente geral da Revap, Alexandre Coelho Cavalcanti, a iniciativa mostra como é possível avançar em sustentabilidade sem a necessidade de grandes investimentos iniciais. “Trata-se de uma abordagem de menor custo para a produção de combustíveis com conteúdo renovável, pois utiliza os ativos existentes”, afirmou.>
O diretor de Processos Industriais e Produtos da Petrobras, William França, classificou a experiência como um marco tecnológico. “A iniciativa demonstra o compromisso da Petrobras com a inovação e a sustentabilidade, preparando-se para atender às demandas futuras de um setor aéreo mais sustentável”, disse.>
Próximos passos>
Além da Revap, a Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, já recebeu autorização da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para incorporar até 1,2% de matéria-prima renovável em sua produção de SAF. A expectativa é que a produção comercial comece “nos próximos meses”, ampliando a oferta do combustível no mercado brasileiro.>
Um marco para o Brasil>
O avanço da Petrobras posiciona o Brasil no radar global da transição energética do setor aéreo. O país, que já possui matriz elétrica majoritariamente renovável, agora avança também no fornecimento de soluções para reduzir a pegada de carbono da aviação. Se consolidada em escala comercial, a produção de SAF poderá garantir competitividade às companhias aéreas nacionais e contribuir para os compromissos internacionais de mitigação da crise climática.>
Com informações da Revista Amazônia>