Publicado em 3 de outubro de 2025 às 12:22
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta sexta-feira (3) que só decidirá quando pautará o projeto sobre dosimetria de penas aos condenados pelo 8 de Janeiro quando o relatório estiver pronto.>
"O relator Paulinho da Força está conversando com todas as bancadas para apresentar seu texto. Não há texto pronto. Quando ele terminar as conversas, vai apresentar texto e, a partir daí, vamos discutir quando levaremos essa proposta à pauta. Temos que aguardar o trabalho do relator", afirmou em entrevista à CNN Brasil.>
Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro sabem que não vão conseguir aprovar no Congresso um projeto de anistia ampla, geral e irrestrita aos condenados por tentativa de golpe, mas insistem em empunhar essa bandeira para para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) a lhe conceder o benefício da prisão domiciliar.>
Motta afirmou que o "foco da Câmara será sempre dialogar diretamente com a sociedade" e citou uma lista de projetos que serão prioridade, como a vinculação das empresas com trabalhadores por aplicativos, as regras de inteligência artificial, o novo Plano de Educação e a reforma administrativa>
Ele disse que há um "cenário político complexo, com muita instabilidade" e polarização e citou o tarifaço americano contra produtos brasileiros: "Tenho preocupação, nesse momento difícil que o Brasil vive de instabilidade internacional, com essa decisão recente dos Estados Unidos de impor tarifas ao País".>
Motta afirmou ainda que a pauta da segurança "é a principal pauta da sociedade" e reafirmou a intenção de concluir a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que tramita na Casa sobre o tema até o fim do ano. "Vamos focar, até o fim do ano, votar semanalmente projetos de segurança", afirmou.>
Segundo Motta, a relação com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), é muito boa, mesmo quando há divergências entre as duas Casas, e que é necessário jogar a "bola para frente" em relação aos atritos causados pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem.>
"Temos que olhar para frente, porque temos que tocar outras pautas. Bola para frente. Temos agora que discutir outros assuntos", afirmou. Alcolumbre publicou foto com Motta na última segunda-feira, 29, na posse de Edson Fachin na presidência do STF.>
Motta disse que a relação entre as duas Casas "tem que ser sempre muito franca, verdadeira e transparente" e que a formação política do Senado e da Câmara são diferentes.>
Reafirmou que as duas Casas não têm que concordar necessariamente uma com a outra e que mantém boa relação com Alcolumbre: "Essa nossa relação é muito boa, muito fraterna, até quando temos que divergir", disse.>
Na semana passada, o Senado derrubou a PEC da Blindagem, após a aprovação da Câmara. Os deputados afirmam que o Senado descumpriu um acordo sobre o projeto.>
Projetos que afetem outros Poderes precisam ter 'cautela', diz Motta>
O presidente da Câmara afirmou ainda que não tem dificuldade em debater projetos que afetem outros Poderes, mas que eles precisam ser tratados com "cautela" e "cuidado".>
"Essa agenda que, muitas vezes, confronta um Poder com outro, tem que ser tratada com bastante cuidado, bastante cautela, para que não agravemos o cenário de muita instabilidade. Mas o presidente da Câmara não tem a condição de vetar qualquer discussão sobre esse ou aquele tema", disse.>
Motta disse que, como presidente da Câmara, "não pode ter preconceito com pauta alguma": "Toda e qualquer proposta que seja trazida por líder ou bancada, temos que colocar à mesa e discutir".>
Afirmou, porém, ter mantido boa relação tanto com o Executivo como com o Judiciário: "Temos que ter relação institucional harmoniosa com outros Poderes. Temos dialogado bem com o Poder Executivo, com o presidente Lula, com o Judiciário, com os ministros da Suprema Corte, do STJ e dos demais tribunais superiores".>
Motta diz que há antecipação do debate eleitoral>
Motta também afirmou ser necessário manter uma pauta equilibrada em meio à polarização do Congresso. Segundo ele, há uma antecipação do debate eleitoral.>
"A missão é ter uma agenda equilibrada, que respeite esses posicionamentos. É natural que os deputados do PT defendam a agenda do governo. É natural que os deputados do PL, da extrema direita, estejam fazendo a agenda importante para seu eleitorado É da democracia", disse.>
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